Cartaz da Conferência sobre o clima sob auspícios da ONU em Glasgow

“Responder às mudanças climáticas e reavivar a economia mundial são desafios de nosso tempo que devemos enfrentar”, afirmou o presidente chinês Xi Jinping, em mensagem aos 120 líderes mundiais reunidos na 26ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima das Nações Unidas (COP26), em Glasgow, no Reino Unido, cuja abertura aconteceu na segunda-feira (1º/11).

Atrasada em um ano devido à pandemia Covid-19, a COP26 é a primeira conferência após o ciclo de revisão de cinco anos sob o Acordo de Paris de 2015.

“Adiamos a COP26 em um ano. Mas naquele ano a mudança climática não diminuiu. E sabemos que a janela para manter 1,5 grau ao alcance está se fechando”, afirmou o presidente da COP26, Alok Sharma, na abertura.

O anfitrião, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, advertiu os líderes mundiais que eles enfrentariam um veredicto condenatório das gerações futuras se não agirem. “A raiva e a impaciência do mundo serão incontidas, a menos que façamos desta COP26 em Glasgow o momento em que nos tornamos sérios sobre as mudanças climáticas e pudemos ser sérios com o carvão, carros, dinheiro e árvores”, disse Johnson.

A cúpula deve agir para “salvar a humanidade” e proteger o planeta, afirmou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, após admoestar que atualmente “estamos cavando nossas próprias sepulturas”.

O chefe da ONU também cobrou o cumprimento do financiamento, prometido em Paris em 2015, aos países de baixa renda em apoio às medidas climáticas.

“O compromisso de financiamento climático de 100 bilhões de dólares por ano precisa se tornar realidade. Isso é fundamental para restaurar a confiança e a credibilidade”, afirmou. Ele observou ainda que os países do G20 são responsáveis por 80% das emissões globais de gases de efeito estufa e, portanto, têm uma responsabilidade maior. Guterres também homenageou os jovens ativistas defensores do meio ambiente.

O presidente Joe Biden, que foi flagrado tirando um cochilo durante a cerimônia de abertura, asseverou que os EUA farão “investimentos históricos em energia limpa” – embora não tenha conseguido acertar um valor sequer com o próprio partido antes da viagem -, acrescentando que irá cortar uma gigatonelada de gases poluidores “até 2030” e zerar as emissões “até 2050”.

Ele também pediu desculpas ao mundo pelo antecessor Trump ter tirado os EUA do Acordo de Paris.

Por sua vez, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que o objetivo de limitar o aumento da temperatura média mundial até 2100 a no máximo 1,5 grau ainda está fora do horizonte e que a atual trajetória “nos leva a 2,7 graus”.

“A chave, para os próximos 15 dias, é que os maiores emitentes cuja estratégia nacional não cumpra o objetivo de 1,5 grau aumentem suas ambições”, disse ele na abertura da COP26. “Todas as economias desenvolvidas devem contribuir com sua parte justa.”

Ações concretas

“Quando se trata de desafios globais como as mudanças climáticas, o multilateralismo é a receita certa”, enfatizou o presidente Xi, após assinalar que “os impactos adversos das mudanças climáticas têm se tornado cada vez mais evidentes”.

“Espero que todas as partes tomem ações mais firmes para, em conjunto, enfrentar os desafios climáticos e proteger o planeta, o lar compartilhado por todos nós”.

Ele acrescentou que a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e seu Acordo de Paris “fornecem a base jurídica fundamental para a cooperação internacional sobre o clima”.

Xi sublinhou que é preciso “nos concentrarmos em ações concretas” e convocou as partes a definir “metas e visões realistas e fazer o melhor” nas medidas de ação climática.

Transição verde

“Promoveremos um sistema econômico verde em um ritmo mais rápido, avançaremos com o ajuste da estrutura industrial e controlaremos o desenvolvimento irracional de projetos com alto consumo de energia e altas emissões”, apontou o presidente chinês.

Xi anunciou que a China lançará planos de implementação específicos para áreas-chave “como energia, indústria, construção e transporte, e para setores-chave como carvão, eletricidade, ferro e aço e cimento”, juntamente com medidas de apoio “em termos de ciência e tecnologia, sumidouros de carbono , políticas fiscais e tributárias e incentivos financeiros”.

O que conforma uma estrutura de política para alcançar o pico de carbono e a neutralidade de carbono, “com um cronograma, roteiro e projeto claramente definidos”.

Fim do desmatamento até 2030

Comunicado do governo britânico anunciou para esta terça-feira o primeiro acordo substancial da COP26, para acabar e reverter o desmatamento até 2030, com a adesão do Canadá, Rússia, Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo, todos países com áreas florestais significativas.

EUA, União Europeia e China também farão parte do acordo. Ao todo, são 100 os países signatários.

Para isso serão alocados US$ 12 bilhões em recursos públicos e mais US$ 7,2 bilhões em verbas privadas entre 2021 e 2025. “Hoje, na COP26, os líderes assinaram um acordo histórico para proteger e restaurar as florestas da Terra”, disse Johnson, de acordo com o comunicado.