Congresso do PC de Cuba ressalta vitória do país ao conter a Covid
“A resposta do país à Covid-19 tem se caracterizado pela contribuição de cientistas e especialistas no desenvolvimento de pesquisas e inovações, com a introdução imediata de seus resultados voltados para a prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de pacientes. Trabalha-se intensivamente em testes clínicos de cinco vacinas candidatas que poderiam servir para imunizar toda a população cubana e contribuir para a saúde de outras nações. Estes resultados, por si só, como já expressei em outras ocasiões, fazem crescer a cada dia a minha admiração por Fidel”, afirmou, ao abrir os trabalhos do 8º Congresso do Partido Comunista de Cuba, Raúl Castro Ruz que, na qualidade de primeiro-secretário do Comitê Central do PC cubano, preside o partido.
Analisando o trabalho de enfrentamento do coronavírus que assola o mundo e, particularmente, as Américas, o líder cubano assinalou que “o cumprimento de nosso plano tem mostrado que é possível controlar a pandemia por meio da observância de protocolos estabelecidos, atendimento diferenciado aos grupos vulneráveis, busca ativa de casos, bem como isolamento de suspeitos e contatos, internação hospitalar e tratamentos preventivos e terapêuticos, com novos medicamentos produzidos pela indústria farmacêutica e de biotecnologia cubana, que surgiram sob a direção pessoal do Comandante em Chefe, Fidel”.
Além de ser o primeiro país latino-americano a produzir vacinas próprias, segundo a Universidade Johns Hopkins Cuba registra, desde o início da pandemia, 500 mortes por Covid. Ou seja, 4,5 mortes por cada 100 mil habitantes. Para comparação, o Brasil tem o triste registro de acima de 170 óbitos por cada 100 mil brasileiros, uma mortandade quase 40 vezes maior.
Em sua mensagem aos delegados ao Congresso de PC, Raúl condenou o bloqueio a Cuba perpetrado pelos Estados Unidos, que tem se intensificado de forma desumana e imoral durante a pandemia. No momento do confronto com a Covid-19, quando foram aplicadas mais de 240 medidas.
O primeiro-secretário cita, além da perseguição financeira, a ativação do Título III do Helms – Burton Act que permite que residentes nos Estados Unidos demandem em tribunais no país contra Cuba e sua Revolução por perdas alegadas, após terem optado por deixar o país e permitem ainda que estes possam, alegando tais perdas, processar até empresas não norte-americanas que negociem com Cuba. “Um ataque à independência e a dignidade de Cuba e uma afronta à soberania de outros países do mundo, devido às suas intenções de aplicar a jurisdição estadunidense de forma extraterritorial”, diz o jornal Granma, em reportagem sobre o artigo da lei Helms-Burton.
Raúl rechaçou a campanha imoral desencadeada contra a cooperação médica internacional de Cuba, o que constitui um crime contra os direitos humanos universais por sabotar a única fonte de acesso aos serviços médicos que milhões de pessoas têm no mundo.
O 8º Congresso evocou o pensamento do Comandante Fidel Castro que definiu o Partido como a “alma da Revolução”, ao abrir os trabalhos com a presença dos membros do Bureau Político José Ramón Machado Ventura, segundo secretário, e Miguel Díaz-Canel Bermúdez, presidente da República, entre outros líderes do Partido e do Governo.
No encontro, que abriu suas portas na sexta-feira (16), justamente no 60º aniversário da proclamação do caráter socialista da Revolução por Fidel Castro, Cuba, na voz de seus militantes, mais uma vez ratificará a irrevogabilidade de sua obra emancipatória e, conforme expresso pela convocação do conclave do Partido, reiterará sua “irredutível convicção de vitória”.
“O Partido constitui uma garantia de unidade nacional e uma síntese dos ideais de dignidade, justiça social e independência das gerações de patriotas que nos precederam e daqueles que nos defenderam em todos estes anos de luta e vitória”, disse Machado Ventura, ao pronunciar as palavras de abertura do encontro que encerrará na segunda-feira (19).
Coube a Raúl Castro apresentar o Informe Central ao 8º. Congresso, no qual apontou como missões de trabalho da organização o desenvolvimento da economia nacional, a luta pela paz e a firmeza ideológica.
“A abertura do Oitavo Congresso do Partido ocorre em uma data marcante na história da nação: o 60º aniversário da proclamação pelo Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz do caráter socialista da Revolução, em 16 de abril de 1961 , na despedida ao luto pelos que tombaram no dia anterior sob o bombardeio às bases aéreas cubanas, em um prelúdio à invasão mercenária de Playa Girón, organizada e financiada pelo Governo dos Estados Unidos como parte dos planos para esmagar o exemplo da Revolução cubana e restabelecer o domínio neocolonial sobre a Ilha, com a cumplicidade da Organização dos Estados Americanos”, afirmou o líder cubano.
Ao apresentar o informe Raúl enfatizou os inspiradores resultados cubanos no terreno da Saúde e os problemas que o combate à Covid revelaram e necessitaram de correção: “Os resultados alcançados só são possíveis em uma sociedade socialista, um sistema de saúde universal gratuito e acessível com profissionais competentes e comprometidos; no entanto, nos últimos meses ocorreu um surto mundial, do qual Cuba não está excluída, em decorrência, entre outras razões, de ter relaxado o cumprimento das medidas estabelecidas”, alertou.
Quanto ao criminoso bloqueio, Raúl declarou que Cuba ratifica a vontade de promover um diálogo respeitoso com os Estados Unidos, sem pretender que para isso se façam as concessões inerentes à sua soberania e independência e ceda no exercício de sua política externa e ideais.
Destacou que o compromisso da nação antilhana com a integração da América Latina e do Caribe é inabalável e “os cubanos não desistirão nem por um momento de fazer de Nossa América a pátria comum de nossos filhos”.
O Primeiro Secretário saudou a consolidação das relações com os governos e partidos da China, Vietnã, Laos e República Popular Democrática da Coreia, bem como com a Federação Russa, a União Europeia e os países africanos.
AOS 89 ANOS, RAÚL SE LICENCIA
Ao final de seu informe, o general Raúl Castro disse: “Quanto a mim, minha tarefa como primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba termina com a satisfação de ter cumprido e com confiança no futuro do país”. Imediatamente, os delegados, levantando-se, irromperam em longos aplausos.
“Nada, nada, nada me obriga a tomar esta decisão… Enquanto eu viver estarei pronto com o pé no estribo para defender a Pátria, a Revolução e o Socialismo com mais força do que nunca. Viva Cuba livre, viva Fidel, Pátria ou Morte “, manifestou Castro, do alto de seus muito bem vividos 89 anos, comovido pelos aplausos de seus correligionários.
Anunciou que sua retirada é com a satisfação de entregar a direção do país a um grupo de pessoas preparadas e comprometidas com a ética, os valores da cultura e da nação. A sua saída se fará efetiva na segunda-feira, no encerramento do 8º Congresso e quando forem eleitas as novas autoridades partidárias, que desta vez deverão ser lideradas pelo atual presidente, Miguel Díaz-Canel.
De acordo com a agenda planejada, três comissões de trabalho enfocarão seus debates em temas cruciais que vão desde a atualização da conceituação do modelo econômico e social cubano de desenvolvimento socialista, até a implementação das Diretrizes de Política Econômica e Social, o Partido e a Revolução.
Os resultados de ordem econômica e social alcançados desde o VII Congresso que se realizou em abril de 2016, o funcionamento do Partido, a atividade ideológica e o rigoroso exame da política de quadros, estarão também no centro da análise dos delegados.