Protesto da ONG Rio de Paz em repúdio aos 400 mil óbitos em decorrência da Covid-19

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) afirmou nesta segunda-feira (3) que a marca de 400 mil mortos por Covid-19 no Brasil se reflete diretamente dos erros do governo Bolsonaro e a ausência de uma coordenação centralizada no nível federal.

O Conass diz que as autoridades brasileiras “desprezaram” a gravidade da pandemia e “invocaram um falso dilema entre saúde e economia”, o discurso é repetido por Bolsonaro e membros do governo, que criticam as medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos.

“O número [de 400 mil mortos] reflete a dor de famílias que perderam pais, avós, filhos e irmãos de forma rápida, violenta e muitas vezes solitária. Reflete também erros de condução e a ausência de coordenação centralizada no nível federal”, diz a carta do Conass, assinada pelo presidente da entidade, o secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula.

Ainda de acordo com a carta do Conass, autoridades máximas do país “preferiram depositar esperanças em terapias mundialmente consideradas ineficazes”. É uma referência ao chamado tratamento precoce, recomendado pelo governo, que inclui medicamentos como a hidroxicloroquina, sem comprovação científica contra a Covid.

“O Conselho Nacional de Secretários de Saúde insiste na necessidade de ampliar a vacinação. O Programa Nacional de Imunizações, referência internacional, tem potencial para realizar essa tarefa de forma rápida, desde que os insumos estejam disponíveis”.

Com o início em janeiro, a vacinação no Brasil avança lentamente. Apenas 14,74% da população recebeu pelo menos a primeira dose da vacina contra Covid-19, nesta semana, cidades em 17 estados suspenderam suas campanhas de vacinação por falta do imunizante CoronaVac.

“Apenas somando esforços poderemos frear a epidemia no país. Os números da epidemia hoje apresentados somente não são maiores graças à força do SUS e à incansável dedicação dos profissionais de saúde”. “O Ministério da Saúde tem um papel fundamental de coordenar as ações. Que sejam adotadas de forma precisa, amparadas na ciência, para garantir a prevenção de novos contágios, facilitar o diagnóstico oportuno de doentes e a assistência a todos os brasileiros”, diz trecho da carta divulgada pelo Conass.

Na quinta-feira (29), o Brasil superou mais de 400 mil mortes por Covid-19. A marca foi alcançada 19 dias depois de o país contar 350 mil vítimas da pandemia e pouco mais de 13 meses após o primeiro óbito confirmado. Desde as 20h de ontem foram registradas mais 1.678 vidas perdidas, totalizando 400.021 mortes em decorrência do novo coronavírus.

De acordo com o levantamento da Universidade Johns Hopkins, o Brasil ocupa o segundo lugar no número de óbitos em decorrência da doença, atrás apenas dos Estados Unidos, com mais de 500 mil mortes. Quanto ao número de casos, o país ocupa a terceira posição, atrás de Estados Unidos e Índia, que enfrentam uma alta acelerada de infectados. De acordo com o consórcio de imprensa, o Brasil tem 14.541.806 casos.

Confira abaixo a carta do Conass na íntegra:

“Envolto em tristeza, o Brasil registra hoje 400 mil vítimas da Covid-19. O número reflete a dor de famílias que perderam pais, avós, filhos e irmãos de forma rápida, violenta e muitas vezes solitária. Reflete também erros de condução e a ausência de coordenação centralizada no nível federal.

Desde que os primeiros casos da doença foram relatados no mundo, sabíamos que tempos difíceis estavam por vir também no Brasil. Mas a resposta para enfrentar a pandemia foi contraditória. Autoridades máximas do país desprezaram a gravidade do momento e invocaram um falso dilema entre saúde e economia, resistindo a medidas capazes de refrear a progressão da contaminação, como o distanciamento social. Preferiram depositar esperanças em terapias mundialmente consideradas ineficazes.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde insiste na necessidade de ampliar a vacinação. O Programa Nacional de Imunizações, referência internacional, tem potencial para realizar essa tarefa de forma rápida, desde que os insumos estejam disponíveis.

Neste momento de tanta tristeza, destacamos a necessidade da união e do entendimento. Apenas somando esforços poderemos frear a epidemia no país. O Ministério da Saúde tem um papel fundamental de coordenar as ações. Que sejam adotadas de forma precisa, amparadas na ciência, para garantir a prevenção de novos contágios, facilitar o diagnóstico oportuno de doentes e a assistência a todos os brasileiros.

Os números da epidemia hoje apresentados somente não são maiores graças à força do SUS e à incansável dedicação dos profissionais de saúde.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde ressalta, por fim, a necessidade de uma ampla campanha de comunicação para destacar a importância das medidas de prevenção e garantir a adesão à vacinação. É o momento para que dúvidas sejam esclarecidas e resistências superadas com informação.

Nossos sinceros sentimentos a todos que perderam seus entes”