PCdoB em defesa da democracia

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, afirmou à jornalista Leda Nagle, em entrevista publicada na internet na manhã desta quinta-feira (31), que o governo deve responder com “novo AI-5” no caso do que ele chama de “radicalização da esquerda” no Brasil. Eduardo Bolsonaro respondia sobre recentes acontecimentos na América Latina, como a eleição de Alberto Fernández e Cristina Kirchner na Argentina e as grandes manifestações no Chile. Na terça-feira (29), o “filho 03” de Bolsonaro já havia dito, no plenário da Câmara, que se manifestações como as do Chile acontecerem no Brasil os manifestantes teriam de “se ver com a polícia” e que veriam “a história se repetir” – sem deixar claro a que história se referia.

Eduardo Bolsonaro também falou a Leda Nagle em adotar “legislação através de plebiscito, como correu na Itália”. Ele se referia a substituição de eleições por plebiscitos, como a partir de 1929, quando os italianos não podiam mais votar livremente. Passaram apenas a dizer sim ou não para uma lista com nomes apresentados pelo Partido Nacional Fascista, pelos sindicatos fascistas e organizações empresariais.

Orlando Silva (PCdoB-SP) gravou um vídeo cobrando que Eduardo Bolsonaro responda no Conselho de Ética da Câmara pelas “barbaridades” que tem dito. Na opinião do comunista, o líder do PSL se comporta como “aprendiz de ditador”.

Orlando pontuou que “É a segunda vez nesta semana que ele [Eduardo Bolsonaro] ameaça o Estado de direito e a liberdade política, apostando numa escalada autoritária. Isso EXIGE resposta à altura das instituições em defesa da democracia!”

O deputado Márcio Jerry escreveu nas redes sociais que a fala do filho do presidente é um “acinte à democracia” e defendeu reação do Legislativo e do Judiciário.

A líder da Minoria Jandira Feghali questionou o presidente pela fala de Eduardo, considerado por ela como irresponsável e leviano. Para ela, o governo tem etos fascista e precisa ser investigado.

“A traição da Constituição é a traição da pátria”, afirmou a deputada federal Perpétua Almeida (AC). Ela lembrou de Ulysses Guimarães e do momento da promulgação da Constituição de 1988.

A deputada estadual Leci Bradão (SP) reafirmou seu lado: o da democracia. Ela repudiou a fala de Educardo Bolsonaro e republicou uma fala dela, do dia 30 de outubro, em que ressalta a importância das manifestações chilenas e da não-reeleição de Macri, na Argentina. Em seu discurso, Leci já reagia ao que disse Eduardo Bolsonaro no dia 29, quando ameaçava que a “história podia se repetir”.


O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PCdoB-SE), se manifestou por meio de nota na qual “repudia com veemência a declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro”. Na opinião do prefeito comunista, a manifestação do parlamentar “é uma afronta à democracia, é crime previsto na Lei de Segurança Nacional e uma afronta à Constituição do nosso país, de modo que deve ser condenada e combatida”.

Como cidadão brasileiro e prefeito da capital do Sergipe, Edvaldo reafirmou “a mais clara defesa do Estado Democrático de Direito, da justiça social, do exercício da imprensa livre, da liberdade de expressão, do pleno funcionamento das instituições públicas e a proteção aos direitos fundamentais do cidadão e da soberania popular” – todos elementos destruídos pelo AI-5.

Na condição de vice-presidente nacional da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), também subscreveu a nota oficial da entidade que defende como indispensável que a Comissão de Ética da Câmara dos Deputados tome urgentemente as providências cabíveis e necessárias para defender a democracia brasileira.

Já o governador Flávio Dino, enumerou ministros do Supremo cassados durante a ditadura para repudiar a “ameaça delirante” de um novo AI-5.

 

A ex-deputada Manuela d’Ávila também usou as redes sociais para repudiar a declaração do filho do presidente da República. Ela compartilhou o trecho da entrevista e afirmou que a declaração do parlamentar é ameaça ao país e que o AI-5 foi o ato mais violento da Ditadura Militar. Garantiu, no entanto, que a luta continua.