As vendas do comércio varejista caíram -0,1% em dezembro de 2019 frente a novembro, na série com ajuste sazonal. O resultado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (12), foi uma água fria no “mercado” e setores da mídia, que no final do ano passado promoveram uma campanha nacional de que a economia sob o governo Bolsanaro estava em plena “recuperação”.
O resultado divulgado com estardalhaço pela mídia sobre as vendas natalinas de 9,5%, segundo a Associação de Lojistas de Shopping (Alshop), foi “repudiado” pela Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos). “É mentira”, declarou o presidente da Ablos, Tito Bessa Jr., em dezembro passado.
Nem a revisão para 7,5% feita pela Alshop se aproximou da realidade. Segundo a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), o resultado das vendas teve um crescimento nominal de 3,1% (sem descontar a inflação). Ambos bem distantes do resultados oficiais do IBGE.
De janeiro a dezembro de 2019, as vendas do comércio varejista tiveram uma alta de 1,8%, aquém da expectativa do “mercado”, que apostava em 3,3%. Ainda assim, o resultado do primeiro ano do governo Bolsonaro ficou atrás do ano de 2018, quando as vendas registraram 2,3%.
VAREJO AMPLIADO
As vendas do comércio varejista ampliado (que inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção) também caíram: -0,8% em relação a novembro de 2019. Foi a segunda taxa negativa seguida.
Em dezembro, na comparação com novembro, seis das oito atividades que compõem o varejo restrito apresentaram variação negativa em dezembro, em relação a novembro, com destaque para Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,2%). Segundo o IBGE, essa atividade tem peso de 44% no total do varejo.
Significa também que o povo está comendo menos. Com os preços disparando, não só dos alimentos (com destaque para a carne), mas também dos combustíveis, da energia, dos remédios, dos transportes, dos aluguéis, sobra muito pouco para as compras em geral.
Em dezembro, a inflação disparou chegando a 1,15%, a maior taxa para o mês de dezembro desde 2002, e fechou o ano em 4,31%. O preço da cesta básica, medido pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística), entre novembro e dezembro de 2019, o valor da cesta subiu em todas as cidades, com destaque para Goiânia (13,64%), Rio de Janeiro (13,51%) e Belo Horizonte (13,04%).
Nesse quadro, apostar no aumento das vendas por conta do FGTS ou Black Friday foi uma grande decepção. E o ano de 2020 começa sem FGTS e sem Black Friday. E os preços continuam subindo.
Em dezembro recuaram também as vendas de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,0%) e Tecidos, vestuário e calçados (-1,0%).
No varejo ampliado, o volume de vendas em dezembro teve decréscimo de -0,8%, frente a novembro de 2019, na série com ajuste sazonal. Segundo o IBGE, o resultado foi influenciado, principalmente, pelo recuo de -4,0% em Veículos, motos, partes e peças e de -1,1% em Material de construção ambos, após recuo de -1,6% e -0,1%, respectivamente, registrados no mês anterior.