Vereadores de Bauru

Vereadores que votaram contra a homenagem evitaram ataques a Bolsonaro, alegando motivo técnico. Apenas petista fez críticas abertas ao presidente.

Foi rejeitado, nesta segunda (9), por nove votos a sete o projeto de decreto legislativo que pretendia conceder Título de Cidadão Bauruense ao presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL). A proposta foi apresentada pelo vereador Eduardo Borgo (PSL) e foi arquivado na Comissão de Finanças.

A apreciação do projeto gerou discussão entre vereadores e protestos populares contrários ao título em frente a Câmara Municipal e nas redes sociais. A pressão social levou ao voto contrário dos vereadores Markinho Souza (PSDB), Mané Losila (MDB), Luiz Carlos Batazini (PTB), Carlinhos do PS (PTB), Júlio Cesar (PP), Junior Lokadora (PP), Beto Móveis (Cidadania), Chiara Ranieri (DEM), Estela Almagro (PT) e Guilherme Berriel (MDB).

Os vereadores que votaram favoráveis foram Pastor Bira (Podemos), Pastor Edson (Republicanos), Junior Rodrigues (PSD), Serginho Brum (PDT), José Roberto Segalla (DEM) e Marcelo Afonso (Patriota), além do autor. Na defesa de sua proposta, Borgo lembrou a votação do presidente em Bauru, que recebeu 72% dos votos nas eleições de 2018, quando foi eleito.

ELEIÇÕES 2018 – 2º turno
Resultados para presidente em Bauru (SP):
Jair Bolsonaro – 72,94% – 133.954 votos
Fernando Haddad – 27,06% – 49.704 votos

Curiosamente, com exceção da vereadora Estela Almagro, que enumerou diversas razões para defender o seu voto contrário à entrega da honraria ao presidente da República, e o tucano Markinho Souza, que citou questões relacionadas ao posicionamento de Bolsonaro durante a pandemia, os demais vereadores evitaram criticar Bolsonaro, dando uma justificativa técnica.

Todos os demais se manifestaram a respeito do voto contrário justificando que a proposta contraria a Lei Orgânica do Município, que em seu artigo 18 estabelece que o título deve ser uma homenagem a pessoas que reconhecidamente tenham prestado serviços relevantes ao município, o que não teria ocorrido, segundo eles.

O presidente da mesa, Markinho Souza, também rebateu as críticas de bolsonaristas a homenagens a outros presidentes, dizendo que o erro de vereadores anteriores não justifica um novo erro, defendendo o artigo da Lei Orgânica.

O próprio Coronel Meira (PSL), vereador mais votado com apoio de Bolsonaro, se descomprometeu alegando que estava impedido de votar por ter apresentado projeto de lei (não apreciado) em que impede essa homenagem a pessoas que ainda ocupem cargos públicos.

Além da postura presidencial durante a pandemia, a petista elencou principalmente ataques preconceituosos e discriminatórios de Bolsonaro à mulheres, jornalistas, negros, quilombolas, LGBTQIA+ e indígenas.

(por Cezar Xavier)