Com inflação e queda na renda, setor de serviços recua 1,2% em outubro
O setor de serviços recuou 1,2% na passagem de setembro para outubro, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (14). É a segunda taxa negativa consecutiva, acumulando uma retração de 1,9%. Ao lado da produção industrial e das vendas do comércio, o setor de serviços encerra o mês de outubro no vermelho, escancarando a dura realidade que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenta esconder com sua ladainha de crescimento em “V” da economia.
Em outubro, a produção industrial brasileira caiu pelo quinto mês seguido e as vendas do comércio varejista recuaram pelo terceiro mês consecutivo. Nem a Black Friday ajudou, dizem as entidades que já fizeram a previsão de um triste Natal para a economia e para as famílias brasileiras.
Após o Produto Interno Bruto cair por dois trimestres seguidos, -0,4% no segundo trimestre e -0,1% no terceiro trimestre, colocando o Brasil em “recessão técnica”, o quarto trimestre promete, quando em “V” continuam crescendo a inflação, os juros do Banco Central, o subemprego, o endividamento e a inadimplência das famílias, a fome e a miséria. Por outro lado, a renda desabou 11,1% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), para sete em cada dez brasileiros a economia está péssima ou ruim.
O setor de serviços tem o maior peso no PIB e foi bastante atingido pela Covid e pelas medidas negacionistas do governo. Além do boicote aberto à vacinação, Bolsonaro deixou no abandono milhões de brasileiros no pior momento da pandemia, por três meses, quando retirou o auxílio emergencial no início do ano – já reduzido pela metade em 2020 – e atrasou a renovação dos programas de créditos às pequenas e médias empresas.
Diante da crise, apesar do esforço, sem qualquer apoio do governo, o setor ainda está longe de qualquer recuperação. O resultado do mês de setembro foi revisado para baixo pelo IBGE: de 0,6% para 0,7%.
Para o gerente da pesquisa do IBGE, Rodrigo Lobo, a perda em outubro não elimina o ganho de 6,2% observado no período abril-agosto, “mas reduz o distanciamento em relação ao nível pré-pandemia. Em agosto, o setor estava 4,1% acima do patamar de fevereiro de 2020, passando para 3,3% em setembro e 2,1% agora em outubro”.
Em outubro, quatro das cinco atividades investigadas recuaram, com destaque para serviços de informação e comunicação (-1,6%), que apresentaram a segunda taxa negativa consecutiva, acumulando retração de 2,5%.
“O segmento que mostrou o principal impacto negativo foi o de telecomunicações. Essa queda é explicada pelo reajuste nas tarifas de telefonia fixa, que avançaram 7,33% nesse mês. Essa pressão vinda dos preços, acabou impactando o indicador de volume do subsetor”, diz Lobo.
Com o retorno das atividades presenciais, os serviços prestados às famílias cresceram 2,7% entre setembro e outubro. Foi o sétimo resultado positivo consecutivo, acumulando 57,3% de crescimento nesse período, mas ainda é o setor que se encontra mais distante do patamar pré-pandemia, estando 13,6% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.
No acumulando do ano, o setor de serviços apresenta alta de 11,0%, com crescimento em todos os setores. “Nessa comparação, temos o efeito da baixa base de comparação”, ressalta Lobo.
De acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), com o resultado de outubro, o setor ainda ficou 2,1% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro do ano passado, mas está 9,3% abaixo do recorde alcançado em novembro de 2014.