A queda disseminada na produção industrial do país, em 10 das 15 regiões pesquisadas em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acontece em “um contexto de deterioração da situação sanitária do país e fim das medidas emergenciais”, diz o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Os dados do IBGE foram divulgados nesta quinta-feira (8). O desemprenho da produção em todos os parques regionais que tiveram queda foi pior do que a média nacional, de -0,7% em fevereiro na comparação com janeiro. Os recuos mais significados vieram de São Paulo (-1,3%) – o maior e mais desenvolvido parque industrial do país; Ceará (-7,7%), Bahia (-5,8%) e Rio Grande do Sul (-1,1%).

“Os centros industriais que vinham puxando a reativação do setor no agregado Brasil e apresentando resiliência na virada de 2020 para 2021 registraram queda agora em fev/21, em um contexto de deterioração da situação sanitária do país e fim das medidas emergenciais. Foram os casos de São Paulo e dos três estados da região Sul, que perderam aquilo que haviam obtido em jan/21”, analisa o Iedi. “Para outros, o recuo em fev/21 foi reincidente, pois já vinham sentindo o peso da redução do auxílio emergencial pago às famílias. É este o caso notadamente da região Nordeste como um todo, cuja produção industrial não cresce desde dez/20”.

Segundo o Iedi, a situação da indústria nordestina é ainda mais grave, “pois a indústria nordestina ainda está longe de superar o choque da Covid-19 em mar-abr/20. Seu nível de produção em fev/21 está 6,1% aquém o pré-crise. O Amazonas é outro caso que está no vermelho desde dez/20 e permanece 6% abaixo do nível de produção anterior à Covid-19”.

No acumulado de 12 meses até fevereiro, a produção industrial apresentou queda de -4,2%, com contribuições de fortes recuos no volume de produção de 13 dos 15 locais pesquisados. Nessa comparação, o dado mais preocupante é a queda de -5,1% em São Paulo.

Minas Gerais (-0,5%), Rio Grande do Sul (-4,3%) e Santa Catarina (-3,1%), Bahia (-9,4%), Região Nordeste (-5,2%), Rio de Janeiro (-2,1%), Espírito Santo (-14,1%) e Amazonas (-7,3%) registraram as outras perdas mais importantes.

Quando da divulgação do resultado geral, o IBGE afirmou que o recrudescimento da pandemia, com a vacinação em marcha lenta, o corte no auxílio emergencial, o alto índice de desemprego e a carestia são fatores que contribuíram para a queda da produção no setor.

“Em 2021, há recrudescimento da pandemia, que leva a restrições em algumas regiões do país, com dificuldades das cadeias produtivas. O auxílio emergencial também é um fator importante, já que fevereiro foi o segundo mês sem auxílio. E também um contingente importante fora do mercado de trabalho e o nível de preços está elevado”, disse André Macedo, gerente da pesquisa.

O auxílio emergencial cortado em dezembro foi retomado só agora no mês de abril, para metade dos brasileiros que receberam no ano passado e pela metade do valor que foi pago no final do ano passado. Agora, os valores ficaram entre R$ 150 e R$ 375. Quanto às empresas e trabalhadores, até agora só tiveram a promessa do ministro Paulo Guedes de que as medidas de apoio, como o Pronampe e o BEm (redução de jornada e trabalho), “vão sair”.