Húngaro Viktor Órban já dissera que sanções são tiro no pé; agora conclui que Europa atirou nos pulmões

“Devo dizer que inicialmente eu pensei que nós simplesmente tínhamos atirado na nossa perna, mas agora parece que a economia da Europa atirou nos seus próprios pulmões e, por isso, no momento está se sufocando por todo lado”, afirmou nesta sexta-feira (15) o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, em declarações para a Rádio Kossuth, referindo-se ao resultado das sanções contra a Rússia.

Para o premiê húngaro, a “política de sanções impostas à Rússia não correspondeu às expectativas, e teve um efeito contrário ao planejado”.

Orbám aconselhou que todos os trabalhadores valorizassem o trabalho que têm, já que tudo indica que nos próximos meses haverá um declínio econômico na Europa e registrou ainda que todas as pesquisas, análises e previsões internacionais com as quais ele está trabalhando mostram que devido ao “efeito combinado” da política de sanções e do conflito na Ucrânia “a economia da Europa está começando a se contrair”.

O chefe de gabinete do primeiro-ministro húngaro, Gergely Gulyás, já havia alertado recentemente que a economia da União Europeia “entrará em apuros” se impuser embargo contra o gás russo.

A porta-voz do governo do país europeu, Alexandra Szentkirályi, também comparou o embargo a um “tiro nos pulmões” da Europa. “É claro que a economia europeia está ficando sem ar, porque compensar as entregas russas é impossível”, constatou, e avisou que a Hungria manifestará firmemente seu posicionamento se as sanções entrarem em contradição com os interesses húngaros.

Mostrando a unanimidade do governo húngaro, o ministro das Relações Exteriores e Comércio, Peter Szijjarto, reconheceu que “caso de deixássemos de receber os abastecimentos, seria fisicamente impossível fornecer ao país petróleo suficiente. É uma questão geográfica e matemática”.

O ministro especificou que para mudar as longas rotas de abastecimento existentes, do leste ao oeste, por novas que vão do norte ao sul, será preciso muito dinheiro e de cinco a sete anos, portanto é impossível para Budapeste trocar as fontes de entregas em um dia.

Desde o início da operação especial russa na Ucrânia, os Estados Unidos têm imposto sanções contra Moscou, particularmente aos recursos energéticos da Rússia. O presidente Vladimir Putin afirmou que a política de contenção e enfraquecimento da Rússia é uma estratégia do Ocidente de longo prazo, mas alertou que as sanções foram um golpe sério em toda a economia global, destacando que ao contrário do que gostaria Washington, a Rússia está encontrando caminhos para superar os obstáculos e até fortalecendo o comércio exterior através da diversificação de mercados e do fortalecimento das relações com aqueles que não se submeteram à pressão da Casa Branca.