Francisco Maltés, presidente da Central Unitária dos Trabalhadores, anuncia mobilização para o dia 20/07

Francisco Maltés, porta-voz do Comitê Nacional de Greve da Colômbia (CNP) e também presidente da Central Únitária dos Trabalhadores, informou que haverá diálogos com diversos setores sociais e sindicais com a finalidade de construir propostas “para entregar projetos de lei” no dia 20 de julho ao Congresso.

Os projetos buscam soluções para as demandas populares, diante da recusa do governo Duque em atendê-las durante as mesas de negociações instaladas em maio. O Comitê alertou que mantém suas exigências econômicas e sociais.

O CNP – frente que convocou os grandes protestos que iniciaram em 28 de abril contra o governo do presidente Iván Duque – anunciou na terça-feira (15) que a entrega das propostas ao Congresso ocorrerá em meio a uma grande mobilização nacional e que as manifestações estão suspensas até o 20 de julho, dia em que se comemora a independência do país e data em que os novos projetos de lei, inclusive uma nova iniciativa tributária, começarão a ser discutidos no Congresso.

Na Colômbia, projetos de lei podem ser apresentados por membros do Congresso e endossados por assinaturas de entidades e organizações sociais.

Para o dia 20 de julho, o Comitê convocou um concerto com interpretes de música nacional e uma “grande mobilização” em frente à sede do Legislativo para “entregar projetos de lei”, relatou Maltés.

Nesse dia, o Comitê pretende apresentar um pacote de reformas nas áreas de saúde, impostos, educação pública, entre outras questões, não atendidas por Duque.

“Esperamos que o Congresso não decepcione os colombianos, como o presidente faz”, sublinhou o sindicalista.

O país enfrenta uma grave situação sanitária, com mais de 3.802.000 contágios e 96.965 mortes pelo coronavírus até a quarta-feira (16) e os manifestantes têm saído às ruas todos os dias para exigir uma mudança de direção quanto às políticas que mergulharam 42% da população de 50 milhões de pessoas na pobreza, demandar o fim da repressão policial e um Estado mais solidário diante dos estragos causados pela pandemia. As entidades denunciaram 67 mortes pela repressão desde o início dos protestos.

O desemprego na Colômbia é atualmente de 16%. Era de 9% antes do início da pandemia, de acordo com o Departamento Nacional de Estatística da Colômbia, DANE.

No início de maio, já com as ruas tomadas pelas manifestações, Iván Duque foi forçado a retirar sua proposta de ‘reforma’ tributária, que prejudicaria principalmente os setores mais humildes e da classe média da população.

A Central Unitária dos Trabalhadores da Colômbia (CUT), a Confederação Geral do Trabalho (CGT), a Confederação dos Trabalhadores da Colômbia (CTC), a Federação Colombiana dos Trabalhadores na Educação (Fecode) e representantes das principais universidades, que compõem o Comitê Nacional de Greve, asseguraram que a retirada da ‘reforma’ é uma vitória, porém, afirmaram que não é a única coisa que os cidadãos pedem. “As pessoas nas ruas estão exigindo muito mais do que a retirada da reforma tributária. O governo, desesperado, busca reformar um projeto de reforma pactuado no Congresso apoiado por toneladas de ‘marmelada’, gente do lado dele, deixando de fora aqueles que o temos rejeitado”, assinalaram.

“O que primeiro pedimos é renda básica de US$ 261 por sete meses para dez milhões de pessoas, desempregados, pessoas deslocadas pela violência, idosos com mais de 65 anos que não puderam se aposentar e jovens desempregados. Isso permitirá reativar a economia e, ao mesmo tempo, combater a expansão da pandemia de coronavírus. Em segundo lugar, reivindicamos gratuidade para os estudantes nas universidades públicas, que isso passe a ficar sob a responsabilidade do governo central e não dos governos locais nem das instituições. Terceiro, estamos pedindo que se pague o salário dos trabalhadores das pequenas e médias empresas (PMEs), em vez de beneficiar as grandes corporações, como tem feito o governo. É importante lembrar que as pequenas e médias empresas, que são as que mais geram emprego, ficaram com tão somente 10% da ajuda. Sem apoio, quebraram 500 mil PMEs durante a pandemia, uma terça parte delas”, disse Maltés, em entrevista ao HP no dia 31 de maio.

As organizações sindicais e sociais exigem uma vacinação massiva; defesa da produção nacional (agrícola, industrial, artesanal, camponesa) e proibição de privatizações durante a pandemia.