China exorta EUA a não incentivar os “separatistas de Taiwan”
O Ministério de Relações Exteriores da China pediu que os Estados Unidos se abstenham da prática errada e perigosa de interferir nas questões do país asiático e não incentivem os “separatistas de Taiwan”, depois que o Departamento de Estado norte-americano fez nova provocação na quarta-feira alegando suposta “coerção” da China no Estreito de Taiwan.
Zhao Lijian, o porta-voz do ministério, condenou na quinta-feira, 08, a prática de intimidação e agressão internacional de Washington, enquanto questionava o trânsito do navio de guerra USS John S. McCain pelo Estreito no dia anterior. Afirmou que os EUA têm se movimentado na região em muitas ocasiões recentemente, criando problemas, enviando um sinal errado aos separatistas de Taiwan e ameaçando a paz e a estabilidade em toda a região.
“Eu gostaria de perguntar, os navios de guerra chineses vão ao Golfo do México para se exibir? Quem está realmente intimidando e praticando coerção em todo o mundo?”, inquiriu Zhao, acrescentando que a China nunca teve a intenção de intimidar ninguém, mas não tinha medo de intimidação.
“Só existe uma China no mundo e Taiwan é uma parte inalienável do território chinês. Este é um fato básico reconhecido pela comunidade internacional”, sublinhou, enfatizando que o princípio de uma só China é a base política das relações China-EUA, e também é um compromisso assumido pelos EUA em três comunicados conjuntos China-EUA.
“É uma linha vermelha que não pode ser cruzada”, advertiu Zhao.
A declaração do Ministério veio depois que o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, disse na quarta-feira que Washington “mantêm a capacidade de resistir a qualquer recurso à força ou outras formas de coerção que possam colocar em risco a segurança ou o sistema social ou econômico das pessoas em Taiwan”.
No mesmo dia, o contratorpedeiro USS John McCain circulou pelo Estreito de Taiwan, dias depois que a Marinha chinesa ter anunciado que um grupo de porta-aviões estava realizando exercícios regulares perto da ilha, informou o jornal Global Times.
Zhao observou que os Estados Unidos estiveram em guerra o tempo todo, exceto 16 de seus quase 250 anos de história. Com mais de 800 bases militares em todo o planeta, os EUA ocupam o primeiro lugar em gastos militares no mundo por anos a fio, respondendo por cerca de 40 por cento do total dos gastos militares globais.
“Nas três décadas desde a Guerra Fria, os Estados Unidos estiveram supostamente envolvidos em 228 guerras e intervenções militares, uma média de 7,6 por ano”, apontou o representante do governo chinês.
“Altos funcionários dos EUA disseram que os EUA cometeram erros, mas enfrentaram desafios em vez de evitá-los. Nesse caso, a primeira coisa que os EUA deveriam fazer é pedir desculpas ao povo iraquiano e sírio e assumir as responsabilidades pertinentes”. “Minha pergunta é: além disso, o que faz os EUA dizerem que vão enfrentar o desafio em vez de evitá-lo? “, questionou.
O porta-voz do Ministério, afirmou que a China tem vontade e capacidade suficiente para salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial. E advertiu que os Estados Unidos devem estar totalmente cientes da natureza altamente sensível da questão de Taiwan, respeitar o princípio de uma só China e abster-se de tomar ações erradas e perigosas e brincar com fogo, a fim de evitar sérios danos aos seus próprios interesses e da paz e estabilidade através do Estreito de Taiwan.
Pelos acordos que normalizaram na década de 1970 as relações entre EUA e China, negociados por Richard Nixon e por Jimmy Carter, Washington reconheceu o princípio de ‘Uma Só China’ – o que significa que a China continental e Taiwan são um só país, cessando as relações oficiais com Taiwan, e com Pequim assumindo a representação do povo chinês no Conselho de Segurança da ONU depois de duas décadas. O autodenominado governo chinês de Taiwan, do Kuomitang, havia sido criado após à fuga para a ilha sob proteção da frota norte-americana, depois da vitória comunista no continente em 1º de outubro de 1949.
A China tem buscado a reunificação do país por meio do mecanismo de “um país, dois sistemas”, estimulado as relações dos dois lados do estreito, mas advertido que o separatismo não será tolerado.