Porta-voz do Ministério do Exterior da China, Hua Chunying

“A China espera que os Estados Unidos deixem de usar a democracia e os direitos humanos como pretexto para intervir nos assuntos internos de outros Estados”, afirmou a porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Hua Chunying.

A declaração da ministra se deu em entrevista coletiva nesta quarta-feira (18), na qual abordou a nova situação criada no Afeganistão, assim como em nível internacional com a derrota da invasão norte-americana para os guerrilheiros talibãs que assumiram o poder no país antes sob ocupação norte-americana.

“Esperamos”, acrescentou Chunying, “que os EUA possam refletir sobre essa voluntariosa intervenção militar e, em geral, sobre sua política beligerante de ingerência arbitrária o que acaba sabotando a paz e a estabilidade em outros países, em outras regiões”.

Ela destacou ainda que a invasão norte-americana lançada para supostamente combater o terrorismo provocou que o número de organizações terroristas – ao invés de se reduzirem – se multiplicassem e “chegassem a mais de 20”.

Além de tudo, condenou as duas décadas de ocupação do país da Ásia Central o que resultou em mais de 100.000 mortes de civis afegãos “sob o fogo das tropas estadunidenses e de seus aliados” e ainda há mais de 10 milhões de pessoas forçadas ao deslocamento como resultante dos anos de guerra.

Segundo um informe da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão, somente no ano de 2020, 5.785 civis foram feridos e 3.035 foram assassinados no país.

“Turbulência e morte”

“Onde quer que EUA ponha seu pé, seja Iraque, Líbia, Síria ou Afeganistão, vemos turbulência, divisão, famílias destruídas, mortes e outras cicatrizes na desordem que tem deixado. O poder e o papel dos Estados Unidos são claramente muito mais destrutivos que construtivos”, prosseguiu a porta-voz referindo-se às declarações do presidente Joe Biden pelas quais confessou que “a construção de uma nação” nunca foi o objetivo da missão de Washington no Afeganistão.