Na segunda-feira (3), começou a funcionar em Wuhan o hospital Huoshenshan para tratamento de pacientes com pneumonia causada pelo novo coronavírus. O hospital foi construído em tempo recorde, com mil leitos e 25 mil metros quadrados.

A construção havia começado na sexta-feira, 24 de janeiro, e foi declarada concluída na manhã de domingo, dia 2.

Na quinta-feira, também fica pronto o segundo hospital, o de Leishenshan, que é ainda maior, com 1600 leitos e 75 mil metros quadrados, igualmente erguido contra o relógio em meio ao surto em curso na China. 1.400 médicos militares já trabalham no novo centro médico de Huoshenshan, como determinou o presidente chinês Xi Jinping. Wuhan, capital da província de Hubei, e do tamanho de Londres, é o epicentro da epidemia de pneumonia provocada pelo novo coronavírus.

O Huosehnshan receberá principalmente pacientes com diagnóstico confirmado e tem uma unidade de terapia intensiva, uma unidade médica geral, unidades de controle e diagnóstico de infecções, entre outras.

MODELO

4 mil trabalhadores se revezaram em três turnos de trabalho, mais cem tratores, para tornar possível erguer o hospital Huosehenshan como planejado, e que segue o modelo do hospital Xiaotangshan em Pequim, que foi levantado em uma semana durante a epidemia da síndrome respiratória aguda grave (SARS), em abril de 2003. Seu objetivo era exclusivamente tratar pacientes com SARS, e desempenhou um papel fundamental na prevenção e controle da doença mortal.

A construção foi mostrada ao vivo pela TV estatal chinesa CGTN e on-line desde o primeiro dia, com as imagens de dezenas de tratores nivelando o solo para receber os blocos pré-fabricados.

Enquanto os primeiros módulos eram montados, operários preparavam a rede elétrica do novo local. Os vídeos ao vivo ofereceram uma visão panorâmica dos canteiros de obras, com trabalhadores, máquinas escavadoras e caminhões em ação para cumprir o prazo.

Quinze especialistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças e do Instituto Médico Militar da Academia de Ciências Militares do Exército Popular da China se juntarão aos 1400 médicos militares para oferecer consultoria profissional.

É a maior mobilização das forças médicas do exército chinês desde o devastador terremoto na província de Sichuan em maio de 2008. As equipes militares levadas para Wuhan são experientes no tratamento de doenças infecciosas porque participaram do combate ao surto de SARS de 2003 na China e à epidemia de Ebola na África Ocidental em 2014.

Durante a obra, foram tomados todos os cuidados para garantir que os trabalhadores não fossem infectados com o vírus, como a esterilização do canteiro, fornecimento de máscaras e medição da temperatura do corpo todos os dias.

Também no domingo, a Força Aérea chinesa usou oito de seus grandes aviões de transporte para levar para Wuhan 795 médicos militares e 58 toneladas de equipamentos e materiais. As equipes médicas vieram de Shenyang, Lanzhou, Guangzhou e Nanjing.

No domingo, subiu para 361 o número de mortes causadas pelo coronavírus 2019nCoV na China, com 56 novas vítimas na província de Hubei e 11 em outros locais da China. Na véspera, verificou-se a primeira morte por coronavírus fora da China continental, nas Filipinas, de um cidadão chinês.

O total de contágios na China já passa de 17 mil. 63% dos casos de contágio do novo coronavírus ocorreram na província de Hubei, e cerca da metade disso em Wuhan. Cerca de 97% de todas as mortes verificadas são de Hubei. No sábado, do total de casos da província, 12% eram considerados “graves” e 5% “críticos”.

A OMS na quinta-feira declarou a epidemia do novo coronavírus uma “emergência mundial de saúde pública”, após agradecer os esforços “sem precedentes” das autoridades chinesas na contenção da moléstia – como a quarentena em massa e a extensão do feriado de Ano Novo -, decisão tomada tendo em vista o risco para países de sistemas de saúde mais frágeis.

Além da China, o novo vírus já foi registrado em mais de 20 países, com transmissão humano a humano em cinco. Diversos países organizaram voos charter para retirar seus cidadãos que estavam ilhados em Wuhan e determinaram restrições ao trânsito de pessoas procedentes do epicentro da epidemia, cuja mortalidade é quatro vezes menor do que a verificada na epidemia de SARS de 2003, segundo a OMS. A China já conseguiu realizar o sequenciamento do genoma do patógeno e está trabalhando em uma vacina, assim como a Rússia. Apesar da imensa solidariedade que tem sido prestada à China, em função de certa histeria sobre a epidemia, alguns episódios lamentáveis de racismo contra orientais, especialmente chineses, ocorreram em certos círculos ocidentais.