Defesa da integridade: porta-aviões chinês Lisoning navega no estreito de Taiwan | Foto: Defesanet

Pequim alertou o governo norte-americano a não calcular mal a determinação da China em defender sua soberania nacional e integridade territorial na questão de Taiwan.

A declaração do porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, em coletiva regulamentar na sexta-feira (19), foi em resposta a relatos de que o secretário de Estado adjunto dos EUA para Assuntos do Leste Asiático e Pacífico, Daniel Kritenbrink, afirmou que os “esforços do continente chinês para coagir e minar Taiwan correm o risco de erro de cálculo”.

Com a visita da Presidente da Câmara dos EUA Nancy Pelosi à região de Taiwan da China, foram os EUA quebraram seu compromisso de uma só China e minaram a soberania e a integridade territorial da China, e não o contrário, assinalou Wang. “É um líder americano que foi a Taiwan para apoiar as atividades secessionistas da ‘independência de Taiwan’, não um chinês que foi aos EUA para apoiar a independência do Alasca”, acrescentou.

Wang disse que era razoável, legítimo e natural que a China tivesse uma resposta resoluta à provocação dos EUA, e o lado chinês tem sido apoiado pela comunidade internacional. Se o lado americano quer resolver o problema, só há uma saída, que é voltar aos três comunicados conjuntos China-EUA e ao princípio de uma só China, reiterou o porta-voz.

Na terça-feira, na abertura da 10ª Conferência de Moscou sobre Segurança Internacional, o presidente Vladimir Putin chamou a visita de Pelosi a Taiwan de “uma provocação cuidadosamente planejada”.

“Não apenas uma viagem de um único político irresponsável, mas parte de uma estratégia deliberada e consciente dos EUA para desestabilizar e deteriorar a situação na região e no mundo; uma demonstração descarada de desrespeito pela soberania de outros países e por suas obrigações internacionais”, acrescentou.

181 países reconhecem o Princípio de Uma Só China e, por isso, mantêm relações diplomáticas com a China e gerem suas relações comerciais e culturais com Taiwan dentro do quadro de uma só China.

A irracionalidade da atual política externa norte-americana foi assinalada até mesmo pelo secretário de Estado que abriu o caminho para a restauração das relações EUA-China no início da década de 1970, Henry Kissinger, agora com 99 anos de idade, em entrevista ao Wall Street Journal.

“Nós estamos à beira de uma guerra com a Rússia e a China sobre questões que nós parcialmente criamos, sem qualquer conceito de como isso vai terminar ou onde supostamente deve levar”, advertiu.

Em relação a Taiwan, ele destacou que “a política que foi levada a cabo pelas duas partes produziu e permitiu o progresso de Taiwan em uma entidade democrática autônoma e preservou a paz entre a China e os EUA por 50 anos”. Parecendo se dirigir a Biden, comentou que “portanto se deveria ser muito cuidadoso [ao tomar] medidas que parecem mudar a estrutura básica”.

Provocações em série

Além da visita oficial de Pelosi, Washington tem apelado para outras provocações, no terreno militar, com a passagem de navios de guerra norte-americanos no estreito que separa Taiwan do continente e venda de armas. Logo depois de Pelosi, uma segunda delegação de congressistas norte-americanos, encabeçada pelo senador democrata Ed Markey, foi a Taipei, reeditando a violação do princípio de Uma China.

Como ressaltou o representante especial do Governo chinês para os Assuntos do Mar da China Oriental, Liu Xiaoming, no mundo “só há uma China e Taiwan faz parte dela”.

Na semana passada, a China divulgou um livro branco sobre a reunificação de Taiwan com a China, em que o presidente Xi Jinping reiterou a proposta de que, sob o princípio de ‘uma país, dois sistemas’, Taiwan terá assegurado um alto nível de autonomia e respeito pelos interesses legítimos de seus habitantes.

Taiwan, que é chinesa há séculos, como provado pelos registros históricos, foi devolvida à China em 25 de outubro de 1945, dez dias após a rendição incondicional do Japão na II Guerra Mundial, atendendo às Declarações do Cairo (1943) e de Potsdam (1945) – esta, assinada pela China, Estados Unidos, Grã Bretanha e União Soviética. Assim como a Inglaterra fizera com Hong Kong, Taiwan fora tirada da China à força pelo Japão no final do século XIX.

A reunificação de Taiwan à China é considerada por 1,4 bilhão de chineses como parte essencial do processo de rejuvenescimento nacional e completa superação do ‘século de humilhações’, quando a China foi invadida e pilhada por oito potências imperialistas. Após o retorno pacífico de Hong Kong e Macau à grande nação e civilização chinesa, só falta Taiwan.

Invadida pelo Japão imperial em 1937, agressão que precedeu o início da II Guerra Mundial, a China pagou um enorme preço em vidas – 30 milhões – para derrotar o fascismo japonês.

Desde 1971, a ONU, através da resolução 2758, reconheceu oficialmente a República Popular da China como “único representante legítimo da China perante as Nações Unidas” e restabeleceu o assento no Conselho de Segurança da organização, que fora usurpado por mais de uma década pelo regime derrotado pela revolução de 1949, quando Chiang Kai-shek fugiu para Taiwan.

O “Consenso de 1992”, cuja essência é o reconhecimento de que a parte continental e Taiwan pertencem a “uma e mesma China”, abriu caminho para a intensificação das relações através do Estreito, o que a elite separatista açulada por Washington vem tentando sabotar.

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