Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ)

A casa de Jair Bolsonaro estava registrada como domicílio de quatro assessores fantasmas de seu filho, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Na época dos registros, Jair Bolsonaro morava com sua ex-esposa, Ana Cristina Siqueira Valle, que era quem centralizava o esquema de rachadinha nos gabinetes dos filhos.

Todos os documentos e comunicados fiscais e administrativos da Câmara dos Vereadores do Rio para os assessores iam parar na casa de Bolsonaro.

A informação foi obtida através das quebras de sigilo bancário e fiscal de Carlos Bolsonaro, da ex-esposa de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, e de 25 assessores que passaram pelo gabinete.

O imóvel na rua Professor Maurice Assuf, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, era de propriedade de Ana Cristina Siqueira Valle entre 2002 e 2008. Durante esse período, Jair Bolsonaro e Ana Cristina moraram juntos na casa.

Depois da separação, o imóvel passou para Jair Bolsonaro, que o vendeu no ano seguinte.

Os assessores fantasmas de Carlos Bolsonaro que tinham a casa de Jair Bolsonaro nos registros eram da família de Ana Cristina. Todos eles “trabalharam” no gabinete no mesmo período em que Jair Bolsonaro e Ana Cristina moravam no imóvel.

São eles os irmãos de Ana Cristina, André e Andrea Siqueira Valle, o ex-cunhado Gilmar Marques e a cunhada, Marta da Silva Valle.

A casa que Jair Bolsonaro constava nos registros fiscais e nos dados da Câmara de Vereadores.

André e Andrea moravam em Resende, cidade no Estado do Rio de Janeiro. Gilmar e Marta moravam, segundo os procuradores do MP-RJ, em Minas Gerais.

Um ex-funcionário da família Bolsonaro, que já esteve lotado no gabinete do senador Flávio Bolsonaro, confirmou que a família pegava parte dos salários dos assessores, na prática criminosa chamada de rachadinha.

Marcelo Luiz Nogueira dos Santos disse que a família pegava 80% do seu salário, mas essa taxa era maior entre os assessores fantasmas, isto é, que não chegavam a efetivamente trabalhar.

“Das pessoas que não trabalhavam, que eram só laranjas, ela ficava com praticamente tudo, só dava uma mixaria para usar o nome e a conta da pessoa. Eu ainda ganhava mais ou menos, porque trabalhava. Para o pessoal de Resende, ela só dava um ‘cala-boca’ para usar o nome e a conta, porque eles não trabalhavam. Eu trabalhava, então ganhava um pouco a mais. Não era igual para todo mundo. Cada caso era diferente. Mas vamos colocar nessa faixa, de uns 80%”, relatou Marcelo.

O ex-assessor disse que era a então esposa de Jair, Ana Cristina, quem centralizava o recolhimento do dinheiro nos gabinetes dos filhos de Bolsonaro.

Depois da separação, causada, segundo Marcelo Luiz Nogueira, pela traição de Ana Cristina a Jair Bolsonaro, o papel de organizador da rachadinha passou para Fabrício Queiroz.