Cemitério público de Manaus, Nossa Senhora Aparecida, localizado no bairro Tarumã

Com 3.780 mortes nas últimas 24 horas, o dia em que mais brasileiros morreram desde o início da pandemia, o Brasil passou não só a liderar o ranking mundial de nação onde a Covid-19 mais mata, mas também a ficar isolado nessa posição.

De acordo com o ranking mundial, realizado diariamente pela Worldmeters, o Brasil tem mais mortes do que Estados Unidos, Itália, Polônia, Rússia, Índia, França, Ucrânia, Hungria, Alemanha e México juntos.

Mortes por Covid nas últimas 24 horas:

1º Brasil – 3.780

2º EUA – 563

3º Itália – 529

4º Polônia – 461

5º Rússia – 409

6º Índia – 355

7º França – 348

8º Ucrânia – 286

9º Hungria – 274

10º Alemanha – 234

11º México – 203

Ou seja, no Brasil houve em 30 de março, 3.780 segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) enquanto os 10 países seguintes registraram somados, 3.662.

Outro fator que demonstra a discrepância em que o Brasil está no enfrentamento da pandemia se dá pela comparação entre mortos por habitantes. A população do Brasil é de 212 milhões de pessoas, enquanto que a população dos 10 países subsequentes a nós no ranking de mortes por Covid somados representam 2 bilhões e 299 milhões de pessoas.

Somente na semana passada, depois da nomeação do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o governo federal criou um comitê nacional de combate à doença. Mas na prática, nada mudou até agora. Os leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) continuam lotados por todo país, falta oxigênio, kit intubação para manter os pacientes com o gás vital nas UTIs.

Vinte e quatro Estados e o Distrito Federal mantêm a taxa de ocupação de leitos de UTI destinados a pacientes com covid-19 acima de 80%, mostra um boletim do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado na última terça-feira (30). Entre esses Estados, 17 e o DF têm taxa acima dos 90%, o que indica a continuidade da pressão causada pela doença sobre o sistema de saúde nacional.

A lista mostra que somente o Amazonas (76%) e Roraima (62%) têm uma taxa de ocupação de UTIs abaixo dos 80%. Pará (86%), Maranhão (88%), Paraíba (84%), Alagoas (86%), Sergipe (86%), Bahia (86%) e Rio de Janeiro (88%) estão abaixo dos 90%, mas acima dos 80%, o que configura um patamar crítico, segundo classificação da Fiocruz.

O Observatório da Fiocruz diz que a transmissão da Covid-19 continuou apresentando aceleração no País ao longo da última semana, o que foi demonstrado por recordes nos casos confirmados e mortes decorrentes da doença.

“A sobrecarga dos hospitais, principalmente observável pela ocupação de leitos de UTI, se mantém em níveis críticos”, reforça o relatório.

Além disso, ainda lidamos com a ausência de vacinas para dar conta da nossa necessidade.

Os especialistas lembraram que medidas de restrição, como as adotadas nas últimas semanas por prefeituras e Estados, ainda não produziram efeitos significativos sobre a tendência de alta. “Esses indicadores sempre estão defasados no tempo e o crescimento do número de casos na última semana epidemiológica pode ser resultado de exposições ocorridas em meados de março”, esclarece o estudo.

Contra o avanço da Covid-19, os especialistas continuam a recomendar medidas em diferentes frentes. “Esforços para o fortalecimento da rede de serviços de saúde, incluindo os diferentes níveis de atenção, e mesmo a abertura de leitos de UTI são importantes. A vigilância, com ampla testagem, continua sendo um horizonte, embora até aqui muito aquém do que seria desejável. A aceleração da vacinação deve ser perseguida e perspectivas se abrem para maior disponibilização de vacinas e ampliação significativa da cobertura nos próximos meses”, aponta a Fiocruz.