O Bradesco registrou lucro líquido de R$ 6,542 bilhões no terceiro trimestre (julho, agosto e setembro). O resultado representa um aumento de mais 19,6% sobre os R$ 5,471 de lucro obtido no mesmo período de 2018. Nos meses de abril, maio e junho os lucros somaram R$ 6,462. Os números foram divulgados na quinta-feira (31/10) em relatório do banco.
O lucro acumulado de janeiro a setembro foi de R$ 19,242 bilhões. Nada menos que 22,3% a mais que os já inflados lucros de R$ 15,734 bilhões no mesmo período de 2018. Os acionistas tiveram em 2019 R$ 8 bilhões de dividendos extraordinários.
Os lucros foram influenciados pelo aumento de empréstimos para pessoas físicas que na comparação com o terceiro do ano passado cresceu 19%. A cessão de crédito para as empresas aumentou em 5,8% e as receitas de serviços cresceram 3,7% em relação ao mesmo trimestre de 2018.
O aumento de empréstimos não aumenta o consumo nem os investimentos do setor produtivo. Pelo foco e intensidade dos bancos e financeiras, em suas mensagens publicitária, dirigidas ao público endividado, significa que o aumento do crédito está sendo oferecido para rolar dívidas com o sistema financeiro.
O patrimônio líquido do banco era de R$ 138,313 bilhões no terceiro trimestre, alta de 19,6% em um ano. O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido ficou em 20,5% no terceiro trimestre.
Os números do Bradesco são exorbitantes, como foram os do espanhol Santander divulgados um dia antes. Reafirmam a contradição dos excepcionais resultados do sistema financeiro, por anos seguidos, com a realidade de baixo ou nenhum crescimento da economia, de lucros minguando, quando não de prejuízo, da maioria dos setores empresariais, especialmente na indústria.
O desemprego persistente, próximo aos 13 milhões de trabalhadores, assim como o subemprego recorde de 38,8 milhões de brasileiros este ano, são a face social mais desumana dos resultados dos bancos.
Octavio de Lazari Junior, presidente do Bradesco, disse que espera que o banco mantenha o mesmo nível de retorno sobre o patrimônio dos 20,5% deste trimestre para os próximos. Para isso, vai continuar mantendo as taxas de juros extorsivas, fechar agências e demitir funcionários. As taxas do cheque especial e do cartão de crédito estão em média acima de 300% ao ano, segundo o Banco Central.
Mesmo as taxas mais baixas como o dos empréstimos consignados, sem risco nenhum para os bancos, no nível de 20% ao ano, significam pagar dois bens, ao comprar um num prazo de 60 meses.
Lazani garantiu que para atingir sua meta de rentabilidade o Bradesco vai fechar 150 agências já neste ano, e 10% delas até o final de 2020. Mais demissões. Três mil trabalhadores já aderiram ao programa de demissões voluntárias em curso.