Um dia depois de ser criticado na web por fazer uma transmissão ao vivo bajulando Donald Trump, que tinha acabado de escapar de um processo de impeachment no Congresso dos Estados Unidos, Jair Bolsonaro (sem partido) resolveu dar mais uma demonstração de macaqueação ante o presidente norte-americano, ostentando um boné com a mensagem “Trump 2020”. A cena ocorreu sexta (7) na entrada do Palácio da Alvorada.
Bolsonaro cumprimentava apoiadores, quando uma mulher loira disse que o homem que estava ao seu lado “é amigo do Trump”. “Ah, é? Cadê o boné? Pega o boné ali”, disse, apontando para assessores. Ele então colocou o acessório, que também tinha bandeiras dos EUA na estampa camuflada.
“Quem é a amigo do Trump, you? You are friend of Trump? (sic)”, perguntou Bolsonaro, que já disse não saber falar inglês. Na transmissão que tinha acontecido no dia anterior, em sua página no Facebook, o presidente fez comentários sobre o discurso de Trump com o auxílio de um tradutor.
“Yes, yes”, responde o homem, que não foi identificado e aparentava ser estrangeiro.
Com o boné na cabeça, Bolsonaro fez menção, em português, à derrota da presidente da Câmara dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, que abriu o processo de impeachment contra o ocupante da Casa Branca. “A presidente da Câmara, a Pelosi, a Pelosi perdeu ontem”, disse.
A ver que os fotógrafos tentavam fazer imagem da cena a alguns metros de distância, ele tirou o boné rapidamente.
Horas mais tarde, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), publicou uma foto no Twitter com o mesmo boné, em “visita ao pai”, no Alvorada.
Outro filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), já havia usado um chapéu em apoio à reeleição de Trump, durante visita aos Estados Unidos pouco depois da eleição do pai, em 2018. Na época, ele perguntou aos fotógrafos que registravam o momento se eles haviam gostado do acessório. E disse: “Ganhei dos apoiadores que estão aqui”.
Em maio de 2019, após discurso no World Affairs Council, em Dallas, no Texas, onde foi homenageado com o prêmio de “Personalidade do Ano”, Jair Bolsonaro bateu continência à bandeira norte-americana.
Ele já tinha feito isso antes. Bateu continência para a bandeira norte-americana numa churrascaria nos EUA com gritos de “USA”, “USA”, “USA”… Já bateu continência para o conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, John Bolton, em viagem ao Brasil, em novembro de 2018, após ser eleito. Para agradar Trump, também anunciou a mudança da embaixada brasileira em Tel Aviv, Israel, para Jerusalém ocupada.