Bolsonaro | Carl Souza

Depois da gargalhada que deu ao comentar a prisão no Rio do pastor Everaldo (PSC), seu antigo “aliado”, que garantiu a farsa cristã, com o “batizado” nas águas do Rio Jordão, Bolsonaro agora aponta suas garras vingativas na direção dos desafetos do PSL.

Com o fracasso do “Aliança pelo Brasil”, Bolsonaro tenta voltar ao PSL. Para isso a ordem é destruir qualquer um do partido que tenha se mantido firme e tenha discordado dele ou se desentendido com um de seus filhos.

Após pisar no “aliado”, Luciano Bivar, e desmoralizá-lo, dizendo aos seus seguidores de Pernambuco para esquecerem o parlamentar porque ele “é queimado para caramba”, Bolsonaro pretende obrigar o presidente do PSL a expulsar quatro deputados federais, Joice Hasselmann, Júnior Bozzella, Dayane Pimentel e Nereu Crispim, e um senador, Major Olímpio, do partido.

O motivo é que esses parlamentares defenderam o PSL quando a família Bolsonaro estava de olho o fundo partidário do PSL.

Em sua sanha vingativa, Bolsonaro deve estar exigindo a expulsão do senador Olímpio do PSL.

Mas, o senador Major Olímpio (PSL-SP), um ferrenho crítico do atual desgoverno, não pensa em levar desaforo de Bolsonaro para casa. Sobre o possível retorno do presidente para o PSL, ele disse que “se a maioria tiver vergonha na cara, não aceita.”

“Se o PSL quiser mesmo lutar contra a corrupção, não é com Bolsonaro”, afirmou o congressista em seu Twitter.

O senador disse que todos que discordaram do presidente, ele tentou destruir, e citou como exemplo o ex-ministro Sérgio Moro. Ele acrescentou que o motivo é o envolvimento da família Bolsonaro em corrupção no Rio de Janeiro. “Queiroz era o diretor financeiro de uma holding familiar dos Bolsonaro”, disse o senador.

“Basta o Queiroz abrir a boca e o Brasil vai ficar abismado com as coisas”, destacou. “Bolsonaro está comprando partidos par evitar o impeachment”, acrescentou. Para ele, “o presidente e os filhos querem apenas fisgar o fundo eleitoral e o tempo de televisão da legenda”.

“O presidente saiu do partido arrebentando o Bivar e cada um de nós, fazendo com que a opinião pública pensasse que o partido era um antro de criminosos quando, na verdade, eram os filhos dele, ele mesmo e advogados inescrupulosos que estavam querendo se apoderar do partido por questões financeiras”, denunciou.

“Convenceram o Bolsonaro a ir atrás do Bivar e ele está buscando o PSL da mesma forma que buscou aproximação com outros partidos recentemente”, afirmou o senador eleito por São Paulo.

A deputada Joice Hasselmann, que acaba de ser oficializada pelo PSL como pré-candidata à prefeitura de São Paulo, também está na mira da vingança destrutiva de Bolsonaro. Para ele, sua expulsão é uma questão de honra, porque foi a deputada que denunciou a existência do “Gabinete do Ódio”, uma central de mentiras e calúnias, mantida com dinheiro público, funcionando dentro do Palácio do Planalto e comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro, para atacar os adversários políticos e desafetos do presidente.

Em seu depoimento na CPI que investiga as fake news, Joice afirmou que, com a ajuda de especialistas, fez um levantamento sobre o número de robôs no perfil do partido que o presidente pretendia criar, o Aliança Pelo Brasil, e encontrou um grande número de robôs. “A página tinha 164 mil seguidores dos quais 26 mil são robôs. Uma hashtag custa R$ 20 mil reais. Imagine fazer todo esse trabalho?”.

Ela apontou para a necessidade de investigação das fortunas que são gastas nos esquemas da família Bolsonaro. “O principal foco da comissão deveria ser a busca pelo dinheiro”, disse ela, porque, “não se fala de trocados, mas de milhões de reais”.

A deputada Dayane Pimentel publicou a seguinte nota sobre as ameaças de Bolsonaro: “aproveito a oportunidade para reafirmar que não sou uma simples correligionária do PSL, sou uma das peças que o blinda das garras dos que querem tomá-lo à força. Estarei aqui para blindar novamente se preciso for e isso talvez incomode os planos de quem vive com a intenção de desestabilizar o partido.”