Bolsonaro mentiu nesta terça-feira (12) sobre o assassinato praticado pelo agente penal bolsonarista, Jorge José da Rocha Guaranho, contra o dirigente petista em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, alegando que o criminoso foi agredido pelos petistas.

“O pessoal da festa, todos petistas, encheram a cara dele [Guaranho] de chute. Se esse cara morre de traumatismo craniano, esses petistas vão responder por homicídio. Para os petistas, chute na cara de quem está caído no chão é violência do bem”, afirmou Bolsonaro em conversa com seus apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

A tentativa de Bolsonaro de defender o crime ficou mais evidente quando ele insinuou que o crime aconteceu porque Arruda jogou uma pedra no carro do assassino, na rua, o que é uma mentira.

“Está sendo concluída a investigação pela Polícia Civil do Paraná, talvez concluam hoje, para a gente ver que teve um problema lá fora, onde o cara que morreu, que estava lá na festa, jogou uma pedra no vidro daquele cara que estava que estava no carro paro lado de fora. Depois ele voltou e começou aquele tiroteio lá onde morreu o aniversariante”, acrescentou Bolsonaro.

Segundo Bolsonaro, “nada justifica a troca de tiros” e que a motivação da morte do guarda municipal ainda precisa ser apurada.

Marcelo Arruda estava dentro do local onde foi alvejado por Guaranho comemorando seu aniversário de 50 anos com amigos e parentes. Nunca tinha visto Guaranho em sua vida.

A festa foi preparada para ele por seus amigos com a temática do PT e uma foto do ex-presidente Lula.

Segundo as testemunhas, o agente penitenciário invadiu a festa de Arruda gritando “Bolsonaro”, “mito” e xingamentos, sacou uma arma afirmando que mataria a todos na festa. A mulher de Guaranho, com um filho no carro, gritava e pedia para irem embora do evento. Depois de uma rápida discussão, ele saiu do local e prometeu voltar para “uma chacina”.

Marcelo Arruda, que possuía 30 anos de atuação na Guarda Municipal teria dito aos amigos: “vai que esse maluco volta, por via das dúvidas vou pegar minha arma no carro”.

A festa prosseguiu por mais 20 minutos até que o bolsonarista voltou e invadiu outra vez o local de arma em punho, atirando. Marcelo identificou-se como guarda municipal, mostrando seu distintivo e já com sua arma nas mãos, mas de nada adiantou. Guaranho disparou duas vezes.

O primeiro tiro foi na perna de Marcelo Arruda, que caiu. Guaranho então se aproximou e deu outro tiro nas costas de Marcelo. Nas imagens, vê-se a esposa de Marcelo se lançando contra o criminoso para impedir que ele atirasse novamente contra tesoureiro do PT, já caído no chão.

O guarda municipal conseguiu virar-se e deu cinco tiros no bolsonarista. Segundo um amigo de Marcelo, “com sua reação, ele conseguiu evitar uma chacina, foi um herói”.

Pela narrativa de Bolsonaro, ele não queria que houvesse reação dos presentes contra um elemento que prometeu voltar para cometer “uma chacina” contra todos os que estivessem ali, não só Marcelo Arruda. Queria que o criminoso fosse tratado a pão-de-ló e honrarias após cometer um crime bárbaro.

A deputada Alê Silva (Republicanos-MG), na linha do seu guru Bolsonaro, também tentou tomar a defesa do criminoso e disse que a imprensa teria ocultado informações sobre a motivação do assassino de Marcelo Aloizio de Arruda

Segundo ela, “o autor dos disparos [Guaranho], que ceifou a vida do outro [Arruda], foi injustamente provocado pela vítima e essa parte não contam”.