O presidente da República, Jair Bolsonaro, declarou, nesta terça feira (07) que o governo pretende viabilizar a privatização dos Correios. Segundo Bolsonaro, “a gente pretende, se pudesse privatizar hoje a gente privatizaria, mas eu não posso prejudicar o servidor dos Correios”, disse.
Bolsonaro, Guedes e o secretário de privatizações, Salim Matar, se puderem, privatizam todo o Brasil. Não escondem seu plano de entregar a Petrobrás, Caixa Econômica, Banco do Brasil, BNDES, Embraer, Amazônia, tudo o que puderem, ao capital privado.
Eles não têm nenhuma preocupação com os servidores dos Correios, e nem com nenhum funcionário público, ou com qualquer trabalhador. Querem, cada vez mais, retirar direitos, e submeter os trabalhadores brasileiros à escravidão. É, no mínimo, fake a “preocupação” de Bolsonaro.
O monopólio estatal dos Correios é garantido na Constituição, conforme artigo 21 da Carta: “Art. 21. Compete à União: (…) X – manter o serviço postal e o correio aéreo nacional”. Por isso, para privatizar os serviços, como pretende o governo, seria preciso alterar a Constituição, algo muito mais complexo do que um projeto de lei ou uma Medida Provisória. Para que haja uma mudança na Constituição é preciso que a PEC seja discutida e votada em dois turnos, em cada Casa do Congresso, e será aprovada se obtiver, na Câmara e no Senado, três quintos dos votos dos deputados (308) e dos senadores (49).
Além disso, a tentativa de entrega dos Correios, única empresa do país que garante a entrega de encomendas, vacinas, material escolar, remédios, cartas, etc, a todos os municípios brasileiros, é repudiada pela sociedade, assim como amplamente rechaçada pelos funcionários da empresa.
“Eles estão equivocados. Nenhum país do mundo abre mão de ter uma empresa como os Correios”, afirma Elias Cesário, mais conhecido por Diviza, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo (Sintect -SP). O dirigente sindical repudiou as afirmações de Mattar, de que a empresa não é estratégica e que dá prejuízo ao Brasil.
“Esses integrantes do governo não sabem o que estão dizendo quando afirmam que o Correio não é uma empresa estratégica”. “Como não seria estratégica uma empresa que é a única empresa do governo federal, tirando o Exército, que está em todos os municípios do país?”, indagou o sindicalista.
“Existem cidades”, disse ele, “onde só os Correios representam o governo. Seria um crime a privatização”, disse. O ano passado uma greve paralisou os serviços da empresa pelo acordo coletivo da categoria e também em denúncia contra a privatização. O governo poderá tentar, mas nada aponta que será um passeio.