Bolsonaro diz que emprego para mulher pode ficar “quase impossível”
Em sua live semanal Bolsonaro defendeu que é a mais vantajoso para as mulheres receberem salário menor pela mesma função no trabalho, pois a reivindicação pode tornar “quase impossível” para a mulher arranjar emprego.
“É difícil para a mulher arranjar emprego? Sim, é difícil para todo mundo, para a mulher é um pouco mais difícil. Se o emprego (para a mulher) vai ser quase impossível ou não, ou você vai dizer o patrão tem que tomar vergonha na cara e pagar o salário justo… Pode ser que o pessoal não contrate, ou contrate menos mulheres, vai ter mais dificuldade ainda”, afirmou.
O presidente estava se referindo ao projeto de lei que aumenta a multa trabalhista para empregadores que praticam a discriminação entre os gêneros, e pagam salários menores para as mulheres que exercem a mesma função.
A proposta prevê o pagamento de indenização à empregada prejudicada, no valor de até cinco vezes a diferença de remuneração em relação ao homem que ocupa a mesma função.
O projeto foi aprovado pelo Senado no fim de março e aguarda a sanção de Bolsonaro.
A discriminação salarial entre homens e mulheres, que é proibida pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), é uma das maiores aberrações existentes na sociedade e nem mesmo os empregadores que a praticam têm coragem de defendê-la abertamente. Apenas subvertem a lei para obterem mais lucro às custas das mulheres.
Bolsonaro ainda colocou em dúvida a frase ‘salário igual para trabalho igual’, ao afirmar: “Vou ver nos comentários da live se eu devo sancionar ou vetar o projeto que aumenta a multa para aquele que pague salário menor (para as) que exerçam a mesma atividade, supostamente a mesma atividade”.
E ainda falou que se não sancionar pode virar alvo das mulheres: “Se eu veto o projeto, imagina como é que vai ser a campanha das mulheres contra mim. ‘Ah machista, eu sabia, ele é contra a mulher, quer que mulher ganhe menos’, etecetera, etecetera, etecetera…”
E, sugerindo o custo que a lei vai gerar aos empregadores, disse: “Se eu sanciono, os empresários vão falar o seguinte: Poxa, pode o que eu estou pagando aqui ser questionado judicialmente, na justiça trabalhista dificilmente o patrão ganha, quase sempre o empregado ou a empregada, no caso, ganha, então… Eu acho que é função diferente, a justiça do trabalho achou que não, é igual. Posso ter uma multa de R$ 200 (mil), R$ 300 (mil), R$ 400 (mil), R$ 1 milhão. Vai quebrar a empresa”, disse Bolsonaro, que estava ao lado do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a média salarial das mulheres no Brasil é quase um quarto menor que a dos homens.