Jair Bolsonaro (PL)

Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta quarta-feira (9), em Jucurutu, no Rio Grande do Norte, que não errou em nada na pandemia. Imaginem, caros leitores, se ele tivesse errado. O capitão cloroquina combateu as vacinas, criticou máscaras e sabotou todas as medidas sanitárias de combate ao vírus. O resultado de seu desatino criminoso colocou o Brasil como vice-campeão mundial em mortes.

A tragédia, patrocinada pelo apoio integral do Planalto ao vírus, matou mais de 630 mil brasileiros e o Brasil ficou atrás apenas dos Estados Unidos em número absoluto de mortes por Covid-19. Bolsonaro defendeu que toda a população se infectasse o mais rapidamente possível para adquirir a tal “imunidade de rebanho”. Ele dizia que isso era melhor do que vacinação e que as vacinas faziam mal e não funcionavam.

A tese genocida da imunidade de rebanho foi repudiada no mundo inteiro, pelos riscos e ela representava para a população. Todos os especialistas alertaram que ela causaria um número enorme de mortes e colapsaria o sistema de saúde. Não adiantaram os alertas. Ele seguiu insistindo que se expor ao vírus era o melhor caminho. Promoveu aglomerações, atacou os governadores pelas medidas tomadas por eles contra o vírus, praticou charlatanismo de receitar cloroquina e, agora, acha que pode convencer alguém de que não errou. Errou e muito. Foi responsável por milhares de mortes.

As pesquisas mostram que a população não acredita mais nas palavras absurdas de Bolsonaro em relação à pandemia. Ele é reprovado por mais de dois terços dos brasileiros quando se trata de seu comportamento irresponsável diante da doença.

Dizer que estava com a razão em tudo o que fez, como acabou de afirmar em Jucurutu (RN), faz muita gente achar que Bolsonaro está desequilibrado, ou no popular, “fora da casinha”. Aparenta estar também muito nervoso com o julgamento das urnas que se aproxima. Não fez absolutamente nada que prometeu. Um verdadeiro estelionato eleitoral. E, como todos sabem, o povo brasileiro não perdoa quem comete estelionato eleitoral.

Os hospitais estão relatando que a nova onda da variante ômicron do coronavírus, que voltou a matar mais de mil brasileiros por dia, está tirando a vida exatamente daqueles que deram ouvidos à estupidez e ao obscurantismo de Bolsonaro e não se vacinaram e nem se protegeram. Cerca de 90% dos internados nas principais UTIs do país são pessoas não vacinadas ou com imunização incompleta. Muitos deles estão manifestando um profundo arrependimento por terem acreditado nas baboseiras de Bolsonaro.

Mesmo assim, ele segue tentando confundir o Brasil e insistindo que estava certo em tudo. Se dependesse de Bolsonaro, não haveria vacinação nenhuma no país. Ele foi obrigado a aceitar os imunizantes por pressão da sociedade, dos governadores e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Bolsonaro chegou a ameaçar os servidores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que o órgão não autorizasse a imunização de crianças no Brasil. Mais 1.400 crianças morreram de Covid no país, mas Bolsonaro disse que este número não representava nada. “É quase zero”, afirmou ele, numa entrevista de rádio.

“Não errei nenhuma durante a pandemia. Fui atacado covardemente o tempo todo”, apontou Bolsonaro, em seu discurso no Nordeste. Ele disse também que as medidas de proteção da população foram “desumanas”. Segundo o presidente, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a ineficácia do lockdown e das medidas restritivas.

No entanto, em discurso proferido no dia 1º de fevereiro, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, desmentiu a falácia de Bolsonaro. Tedros afirmou com todas as letras que países não devem recorrer somente às vacinas, e outras medidas de prevenção, como o lockdown, ainda se mostram necessárias. Bolsonaro não se solidarizou com nenhuma família que perdeu um ente querido para o vírus da Covid. Não visitou um hospital sequer. Colocou seu ministro da Saúde para atrapalhar a campanha de vacinação.

O resultado foi todo esse desastre que Bolsonaro tenta negar. Ele finge que não vê as mortes. Não faz outra coisa a não ser se divertir, viajar em campanha política ou para curtir férias. Mesmo que o país esteja enfrentando diversas crises gravíssimas ao mesmo tempo, não arreda pé das férias e nem dos passeios.

À explosão inflacionária, aos aumentos de preços dos alimentos e da gasolina, ao desemprego e à fome, se juntaram recentemente as enchentes do final do ano que mataram dezenas e desabrigaram milhares de pessoas, mas Bolsonaro não se envolveu em nada, pois estava curtindo suas férias prolongadas nas praias de Santa Catarina. Preferiu continuar passeando de jet ski e dançando funk no mar a visitar as áreas atingidas. Um verdadeiro deboche contra o Brasil.