O presidente Jair Bolsonaro participou neste domingo (8) de um passeio de moto em Brasília em homenagem ao Dia dos Pais. A manifestação reuniu apoiadores do presidente, que se concentraram em frente ao Palácio do Planalto, na Praça dos Três Poderes.

Jair Bolsonaro usou a sua live semanal, que foi ao ar na noite de quinta-feira (9), para tentar aplacar a ira dos mais exaltados com a sua fracassada “tomada do STF” e para “explicar” a seus apoiadores quais são os seus verdadeiros planos.

“Entendo que estejam chateados, mas deixa acalmar”, disse o golpista, num aceno à sua tropa de que só deu uma trégua, ou seja, baixou as armas mas não as entregou.

Isolado, depois da forte reação da sociedade à sua tentativa de implantar um regime fascista pela força, ele divulgou, no final daquela mesma tarde, uma carta, orientada – e, segundo algumas fontes, redigida – por Michel Temer, onde, aparentemente, ele estaria recuando em relação a seus ataques virulentos a Alexandre de Moraes, ao Supremo e à democracia.

“Deixa acalmar um pouquinho”, explicou. Essa foi a senha do golpista, depois do vexame do 7 de Setembro e dos estragos causados pelas arruaças de seus “Zé Trovôes & Cia” nas estradas do país.

Ele até se referiu como sendo um sucesso da carta a “boa resposta” do mercado à sua encenação de recuo. Citou o fato de que o dólar comercial caiu quase 2% e o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), registrou alta de 1,72% após a publicação do documento.

A carta e a fala a seus seguidores confirmam aquilo que vários políticos, entre eles o governador Flávio Dino (PSB-MA), já vêm alertando, que, apesar de rechaçado momentaneamente, Bolsonaro, por sua essência fascista, vai insistir nos intentos golpistas. Ele sabe que é minoritário e que só pela força poderá impor a sua ditadura. Depois que “tudo se acalmar”, é claro. Seu problema é que a sociedade brasileira não dá mostras de que está disposta a se “acalmar”.

“Queriam que eu respondesse o presidente do Supremo, Fux, que fez uma nota dura. Também usou da palavra o Arthur Lira [PP-AL], [presidente] da Câmara, o Augusto Aras, nosso procurador-geral da República. Alguns do meu lado aqui vieram até com o discurso pronto: ‘Tem que reagir, tem que bater’. Calma, amanhã a gente fala, deixa acalmar para amanhã”, disse o presidente, durante sua live.

O que Bolsonaro disse a seus apoiadores é um recado claro: depois de “acalmar” a gente retoma nossos objetivos.

Aos mais exaltados, ele foi explícito. “Não tem nada de mais ali”, garantiu, sobre a carta. “Nós temos que dar exemplo aqui em Brasília. Por mais que eu ache que você está fazendo a coisa errada, dá um tempo, deixa acalmar um pouquinho”, volto a explicar. Flávio Bolsonaro também saiu a campo para dar o recado. Ele disse: “o presidente Jair Bolsonaro sabe o que está fazendo”.

Na própria live, Bolsonaro confirmou suas ideias fixas voltando a atacar as urnas eletrônicas e a lançar suspeitas nas eleições do ano que vem. Ele mentiu mais uma vez, dizendo também que as manifestações do 7 de Setembro foram pacíficas e que “os apoiadores não pediram para fechar nada”. Atacou a Globo pela “cobertura mentirosa” dos atos.

Se continuar nessa toada ele vai acabar dizendo que quando chamou de “canalhas” os membros do STF em discurso na Paulista, era apenas uma forma carinhosa de tratar com os ministros.

E seguiu informando a manada. “Comecei a preparar uma nota… Telefonei ontem [quarta-feira] à noite para o Michel Temer, ele veio a Brasília, por dois momentos conversou comigo aqui, pouco mais de uma hora. Ele colaborou com algumas coisas na nota, eu concordei e publiquei. Não tem nada de mais ali”, repetiu. Ou seja, “não se impressionem”.