Depois de chamar a Covid-19, que já matou mais de 171 mil brasileiros, de “gripezinha” em entrevistas e em pronunciamento oficial, Jair Bolsonaro disse que “não existe um vídeo ou um áudio meu falando dessa forma”.

A mentira foi contada durante uma transmissão ao vivo feita na quinta-feira (26).

“Falei lá atrás que, no meu caso, pelo meu passado de atleta, eu não generalizei, se pegasse o Covid, não sentiria quase nada. Foi o que eu falei. Então, o pessoal da mídia, a grande mídia, falando que eu chamei de ‘gripezinha’ a questão do Covid. Não existe um vídeo ou um áudio meu falando dessa forma. E eu falei pelo meu estado atlético, minha vida pregressa, tá? Que eu sempre cuidei do meu corpo. Sempre gostei de praticar esporte”, disse Bolsonaro.

Em março, Jair Bolsonaro disse em uma entrevista que “depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar não, tá ok?”.

Mais tarde, no pronunciamento oficial que fez para atacar o isolamento social, Bolsonaro disse que caso ele contraísse o coronavírus, “nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho”. Naquele pronunciamento, Bolsonaro defendeu que “devemos, sim, voltar à normalidade.

Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, como proibição de transporte, fechamento de comércio e confinamento em massa”.
Ainda durante a transmissão ao vivo, Jair Bolsonaro disse que o uso de máscaras para conter a disseminação do vírus é o “último tabu a cair”.

“A questão da máscara, não vou falar muito porque ainda vai ter um estudo sério falando da efetividade da máscara — se ela protege 100%, 80%, 90%, 10%, 4% ou 1%. Vai chegar esse estudo”.

Bolsonaro não só chamou a Covid-19 de “gripezinha”, como em diversas oportunidades desprezou a gravidade da pandemia e sabotou os esforços de governadores e prefeitos para tomar medidas contra a doença.

Ele foi contra a quarentena e disse logo no início que tudo deveria voltar à “normalidade”. Queria expor as crianças ao vírus, dizendo que somente idosos eram acometidos, e defendeu a abertura de escolas, indiscriminadamente e sem medidas de proteção.

Defendeu ainda que os trabalhadores voltassem ao trabalho e se expusessem ao contágio.
Agora que a pandemia ganhou contornos gravíssimos e sua impopularidade vai aumentando por conta da sua má atuação diante do vírus, quer tirar o corpo fora e acusar a imprensa. E a pandemia só não foi mais grave porque governadores, prefeitos, Congresso, STF e imprensa agiram e não seguiram suas determinações toscas. Foram contra elas.

Isso sem falar que ele demitiu dois ministros da Saúde em menos de 30 dias (Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich) porque eles não se submeteram ao seu negacionismo e à sua cloroquina, que ele dizia ser milagrosa contra o coronavírus.

E por fim, recentemente insultou a todos os brasileiros que temem o vírus, tratando-os como “maricas”. Afirmou que o Brasil deveria “deixar de ser um país de maricas” por causa da pandemia. Depois Bolsonaro vai dizer que não tem vídeo com ele falando isso.