General Paulo Sergio comandante do Exército

Jair Bolsonaro proibiu na segunda-feira (24) que o Exército Brasileiro e o Ministério da Defesa se manifestassem sobre a situação do general Eduardo Pazuello, que o acompanhou em uma aglomeração política no Rio de Janeiro no último fim de semana. Bolsonaro deu a ordem diretamente de Quito, onde se encontrava para a posse do novo presidente daquele país.

Por ser militar da ativa, Eduardo Pazuello teria infringido o RDE (Regulamento Disciplinar do Exército) que proíbe militares de participarem de atos políticos. Pelas regras, as punições podem ir de advertências até prisão disciplinar. O ex-ministro não só participou da aglomeração promovida por Bolsonaro, como discursou no evento.

O ex-ministro chegou ao local portando máscara, mas, ao se aproximar de Bolsonaro no palanque, tirou a máscara e foi discursar ao lado do chefe. Após subir ao palanque, o general foi chamado e “meu gordinho” pelo presidente.

O Comando do Exército abriu um processo administrativo, baseado no artigo 45 de seu estatuto, que proíbe a participação de militares da ativa em atos políticos, para investigar a conduta ilícita do general e ex-ministro da Saúde. Pazuello estava sem máscara, num palanque montado para campanha antecipada de Jair Bolsonaro na cidade do Rio de Janeiro, após um passeio e moto pela cidade.

O Comandante do Exército Brasileiro, general Paulo Sérgio, preparava a divulgação, na segunda-feira, de uma nota oficial da instituição comunicando sobre a sua decisão. O texto chegou a ser elaborado durante o dia, mas não foi divulgado por determinação do presidente da República. O procedimento aberto pelo Exército é conduzido diretamente pelo Comando dessa Força Armada, que tem autonomia para tanto.

Bolsonaro teria ficado irritado também com a declaração do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, de que Pazuello deveria sofrer alguma punição. “É provável que seja [aplicada alguma punição], é uma questão interna do Exército, ele [Pazuello] pode também pedir transferência para reserva e atenuar o problema”, afirmou Mourão.

Ele ligou diretamente de Quito para o ministro da Defesa, Braga Netto, após saber pela imprensa sobre a elaboração da nota do Comando de Exército. A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O general Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência do Brasil, criticou, na segunda-feira (24), em suas redes sociais, a participação do general Eduardo Pazuello na aglomeração política patrocinada por Jair Bolsonaro no domingo, na cidade do Rio de Janeiro. Os militares da ativa são proibidos pelo regulamento interno da instituição de participar de atos políticos.

Santos Cruz afirmou com letras garrafais que a atitude foi um “péssimo exemplo para o país”. Ele lembrou que “de soldado a general tem que ser as mesmas normas e valores”. “O presidente e um militar da ativa mergulharem o Exército na política é irresponsável e perigoso. Desrespeitam a instituição. Um mau exemplo, que não pode ser seguido”, assinalou o general.

O Exército do Brasil é uma instituição autônoma para instaurar procedimentos administrativos internos quando ocorre uma possível infração ao Estatuto dos Militares, inclusive em casos de participação de um oficial em um ato considerado político ou partidário, como ocorreu no domingo (23), com o general Pazuello, no Rio.