Presidente Luis Arce participou de manifestações em Cochabamba, La Paz e Santa Cruz

Centenas de milhares de bolivianos voltaram às ruas na terça-feira (12), nos nove departamentos do país, para defender a política desenvolvimentista implementada pelo governo do presidente Luis Arce e em repúdio à tentativa frustrada de lockout fomentada por setores radicalizados da oposição na última segunda-feira (11), na tentativa de impedir a promulgação da Lei Contra a Legitimação dos Lucros Ilícitos.

Os manifestantes espalhados pelo país também reivindicaram a Wiphala, símbolo pátrio que expressa a unidade dos indígenas bolivianos e que voltou a ser ultrajado recentemente em Santa Cruz por seguidores do governador Fernando Camacho.

Ao lado dos movimentos sociais, o presidente Arce participou em Cochabamba, La Paz e Santa Cruz das gigantescas manifestações. Na capital, em sua intervenção na praça São Franciso, da sede de governo, o chefe de Estado assinalou que a vontade popular demonstrava aos grupos de oposição que é com povo nas ruas que a Bolívia está referendando o resultado das urnas e acrescentou: “Os que não ganharam nas urnas querem nos ganhar no grito, com golpes, com atitudes antidemocráticas”, enfatizou.

De acordo com o mandatário a oposição busca desconhecer o resultado das eleições presidenciais do ano passado recorrendo a mobilizações contrárias ao projeto de Lei Contra a Legitimação de Lucros Ilícitos, parte do esforço de construir uma economia compatível com um governo popular.

Da mesma forma que em Cochabamba, o presidente rechaçou a violência registrada no distrito de Plano Três Mil, na cidade de Santa Cruz, e reiterou que, diferentemente dos grupos oposicionistas infiltrados, o governo nacional impulsiona o respeito ao diálogo, à democracia e à decisão soberana do povo nas urnas. “Condenamos o que ocorreu. Os que não puderam ganhar nas urnas querem tomar o poder através de grupos mafiosos e criminais. Hoje, em toda a Bolívia estamos dizendo que não vamos permitir que isso aconteça, irmãs e irmãos”, declarou.

Repudiando os atos racistas e de discriminação registradas no dia 24 de setembro no Plano Três Mil, Arce defendeu que a extrema-direita que os promoveu deveria se olhar no espelho, porque em cada um dos bolivianos existe sangue quechua, mojeña e indígena, e é importante que reconheçam as raízes da Bolívia.

Para o ministro de Economia e Finanças Públicas, Marcelo Montenegro, a tentativa frustrada de greve patronal fomentada pelos opositores na última segunda-feira (11) foi promovida por grupos que fomentam o terror, divulgando fake news e tentando desestabilizar um projeto de transformações que está afetando os seus interesses. “Buscam instalar o medo e a mentira”, destacou.

Também em relação ao fato dos elementos ligados ao governo de Jeanine Áñez estarem respondendo à Justiça, o promotor Johan Muñoz declarou ser completamente procedente a conduta do juizado anticorrupção ter comunicado a ausência e expedido mandado de prisão contra o ex-coronel da polícia Iván Rojas. Fugitivo do país, Rojas foi diretor nacional da Força Especial de Luta Contra o Crime durante o governo de Añez.

Muñoz explicou que o ex-coronel foi expulso da corporação por sua influência “negativa” em pelo menos cinco casos essenciais quando ocupou o cargo de diretor nacional da Força Especial de Combate ao Crime (FELCC), se passando como investigador, denunciando, dando ordens aos promotores, trocando investigadores, prendendo e fazendo buscas sem os correspondentes mandados.

Áñez cumpriu nesta quarta-feira sete meses de prisão pelos crimes cometidos durante seu governo, incluindo os massacres onde foram mortos dezenas de partidários do Movimento Ao Socialismo (MAS), além de prenderem e sequestraram centenas de manifestantes e lideranças dos movimentos sociais e defensores da democracia.