Projeto terá início com a Yacimientos de Litio Bolivianos (YLB)

O vice-ministro de Altas Tecnologias Energéticas da Bolívia, Alberto Echazú, informou nesta quarta-feira que o governo de Evo Morales trabalha para instalar 14 unidades industriais nos departamentos de Potosí e Oruro.

“A partir do projeto central da Yacimientos de Litio Bolivianos (YLB), até 2024 serão instaladas estas unidades, umas próprias do Estado e outras em associação com alemães e chineses”, declarou o ministro. Segundo Echazú, o plano é ambicioso e está relacionado a outros que garantam insumos a seu funcionamento, evitando a importação e gerando maior valor agregado, industrialização e empregos no país. “É um complexo gigantesco de 41 unidades, de acordo ao plano nacional traçado de 2019 a 2030”, acrescentou.

Em Oruro, conforme o projeto do salar de Coipasa, está prevista a instalação de cinco plantas industriais, uma de sulfato de potássio, que ficará sob a responsabilidade da YLB, e quatro em associação com a empresa chinesa Xinjiang Tbea Group-Baocheng, com capacidade de produzir 60 mil toneladas de hidróxido de lítio por ano, ácido bórico, bromo puro e brometo de sódio.

“Se trata de um processo de industrialização nas cadeias vertical e horizontal, com exploração integral dos recursos dos salares”, enfatizou.

O presidente Evo Morales destacou que “a Bolívia, com sua própria particularidade, tem muita esperança, muito futuro, nestas quatro áreas: agropecuária, energética, hidrocarbonetos e mineral. Industrializar é garantia de crescimento econômico e independência”,

A planta de cloreto de potássio – amplamente utilizado na agricultura como fertilizante –  já se encontra em operação.

O bromo é empregado na fabricação de produtos de pulverização, agentes não inflamáveis, produtos para a purificação de águas, corantes, desinfetantes, inseticidas e outros. O lítio e seus compostos têm diversas aplicações industriais, incluindo vidros e cerâmicas com resistência ao calor, ligas com alta resistência utilizadas em aeronaves, além de baterias elétricas.

A industrialização boliviana se insere no amplo projeto nacional-desenvolvimentista do país que se baseia na transformação das riquezas naturais em produtos industriais de mais intenso valor agregado.

É uma concepção totalmente diversa da adotada em muitos países cujos governos mantiveram uma postura dependente dos centrais na economia mundial e que se limitam a exportar produtos primários e importar industrializados. Quando há implantação de indústrias nestes países de economia periférica, são manufaturas vindas de fora e cujo modelo se insere na exploração de mão de obra e mercado locais e que acabam aprofundando ao invés de fazendo o país sair da condição de economia dependente e periférica.

A ruptura com esta concepção rasteira e colonizada é o que tem permitido à Bolívia a melhoria constante das condições de vida de seu povo e a conquista, por anos em sequência, da maior elevação do PIB da América do Sul, um contraste gritante com os anos seguidos de depressão apresentados pela economia brasileira.

No Brasil, registramos 11 trimestres consecutivos de queda no PIB – desde o segundo trimestre de 2014 até o quarto trimestre de 2016 – seguidos de todos os trimestres subsequentes, inclusive o mais recente, o primeiro de 2019, com o PIB estagnado, apresentando desastrosas variações entre 0% e 1,5%, tendo como única exceção o quarto trimestre de  2017, quando apresentou o breve crescimento de 2,17%, para voltar à estagnação.

O resultado disso é que, entre nós, o que se vê é aumento do desemprego, desindustrialização e contração dos salários e dos investimentos.