A auto indicada presidenta Jeanine Áñez renunciou após cair a 8% nas pesquisas eleitorais | Foto: N. Pisarenko/AP

“A desistência da candidatura da autoproclamada presidente Jeanine Áñez às eleições do próximo dia 18 de outubro reflete o fracasso de um desgoverno títere dos Estados Unidos”, declarou Dolores Arce, ex-diretora-executiva do Centro de Produções Radiofônicas da Bolívia (Cepra) e ex-chefe das Rádios dos Povos Originários (RPOs).

“O fato é que o governo estadunidense está efetivamente preocupado, pois a imensa impopularidade de Áñez está refletida na última pesquisa em que caiu 10 pontos, de 18% para 8%. Agem para não saírem derrotadíssimos”, acrescentou Dolores, diante do visível agravamento da crise sanitária e do desemprego, ao mesmo tempo da multiplicação dos casos de corrupção.

É uma manobra que vai além do eleitoral, frisou a comunicadora, “pois também tenta unificar o voto da direita, alinhando a reação contra o Movimento Ao Socialismo (MAS), que lidera todas as pesquisas”. “Na verdade, tentam beneficiar a Carlos Mesa, do Comunidade Cidadã, mas uma parte dos votos é transferida para o candidato do Oriente (Santa Cruz e Beni – Estados onde está a Meia Lua separatista), que é Camacho. Mas, felizmente, esta transferência de votos não se dá automaticamente, e eles se dividem”, ressaltou.

Dolores Arce também alertou para o alto percentual de votos indecisos, nulos, brancos e chamou a atenção para os ocultos, apontados por todas as pesquisas. “Particularmente em relação aos ocultos, que são muitos, acreditamos que sejam do candidato do MAS, Luis Arce Catacora. Pelo alto nível de perseguição que está ocorrendo contra os seus simpatizantes, muitos preferem não mostrar sua predileção”, destacou.

Para Dolores, “neste momento, o que mais se deve temer, preocupar e desconfiar é a presença de Salvador Romero como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da Bolívia, pois ele é uma ficha, um agente do Departamento de Estado norte-americano”. “Salvador Romero esteve em Honduras para consolidar a fraude, na perseguição e proscrição do presidente Manuel Zelaya, e foi designado diretor do Instituto Nacional Democrata (NDI na sigla em inglês) entre 2011 e 2014 para apoiar, com o apoio da USAID, grupos opositores ao processo de mudanças.

Não podemos nos esquecer do jogo sujo que desempenhado a Organização dos Estados Americanos (OEA) ao não reconhecer a legitimidade das últimas eleições e alegar que houve fraude sem aportar nenhuma prova”, concluiu.

*