O Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (10), uma vez mais reduziu as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2022. Na semana passada as projeções resultaram em uma expectativa de 0,36% e agora as projeções do índice de crescimento da economia foram reduzida para 0,28%. É a 15ª vez que isso ocorre.

O Boletim, também conhecido como Relatório do Mercado Focus, é um documento divulgado pelo Banco Central (BC) que reúne as projeções para o crescimento do PIB, inflação, taxa Selic, entre outros, importantes fatores da economia, feito por quase uma centena de empresas do mercado financeiro.

Já em recessão técnica, em razão de dois trimestres com o Produto Interno Bruto (PIB) negativo, a projeção de 0,36 % de crescimento do PIB para 2022 jogam um “balde de água fria” nas expectativas de crescimento de todos os setores da economia e o virtual aprofundamento da recessão.

O PIB é soma de todos os bens e serviços produzidos pela economia durante o ano e é usado como índice de referência do crescimento da economia.

Confirmadas essas expectativas, estaremos caminhando para o sexto ano de crescimento negativo ou irrisório na faixa de 1% ao ano. Um crescimento inferior à própria taxa de crescimento populacional, levando à redução do PIB per capital.

Há muitos elementos que indicam que as projeções de crescimento do PIB abaixo do 1% estão consistentes. Não há nenhuma proposta ou programa para novos investimentos e os previstos no orçamento que o governo Bolsonaro aprovou no Congresso Nacional são de R$ 45 bilhões, o menor da história. O salário mínimo teve apenas a correção da inflação do ano.

Apenas por estes dois indicadores pode se esperar que o nível de desemprego vai se manter acima dos 12 milhões, pelo sexto ano seguido, com subempregados, os que vivem de bico, e os desalentados se mantendo no mesmo patamar crítico atual. O nível de renda continuará caindo, a insegurança alimentar e a miséria seguirão se agravando.

A situação política do governo se deteriora a cada dia causando instabilidade pela ação do próprio Bolsonaro. Para 2022, a “panela de pressão” em que vivemos continuará fervendo.

O aperto monetário, ou seja, as taxas de juros elevadas, será mantido em 2022, por conta das projeções do Focus. Depois de sete altas seguidas, a Selic, taxa básica de juros da economia, encerrou o ano passado em 9,25%. Para 2022, está projetada para dois dígitos podendo chegar a 11,75%. Juros altos, queda no consumo e nos investimentos privados.

A inflação oficial de 2021 deve estar sendo divulgada nos próximo dias e deve ficar em torno dos 10%. A projeção do Boletim para 2022 é de que ela caia até 5,03%. Não parece muito provável e é preciso ter em mente que a redução dos aumentos acontece sobre um patamar de preços que já arrebentou com orçamento da imensa maioria das famílias.