Blogueiro escondido nos EUA volta a agredir Alexandre de Moraes
O blogueiro Allan dos Santos, que está foragido da Justiça, gravou um vídeo em que canta e chama o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de “cabeça de piroca”, admitindo que foi ajudado por seus “amigos” para não ser perseguido pela Interpol.
Mesmo impedido de usar as redes sociais, porque as usou para atacar as instituições democráticas, Allan dos Santos publicou em uma conta no Instagram chamada “Guerra de Informações” um vídeo ofendendo Alexandre de Moraes. O perfil conta com mais de 59 mil seguidores, segundo o Poder360.
O blogueiro bolsonarista insinuou que o ministro do STF tem ligações com o PCC e com o Partido Comunista da China.
“O cabeça de piroca pensa que pode me calar/ Não esperava que eu tenho amigos e estou livre agora/ O escravo é você que não pode sair na rua e ainda é amigo do PCC(h)”, cantou, enquanto tocava uma guitarra.
Alvo de dois inquéritos no STF, o das fake news e o da milícias digitais que atacam a democracia, Allan dos Santos mantinha seu site, o Terça Livre, com ajuda da família Bolsonaro.
O blog era usado para difamar opositores de Jair Bolsonaro e atacar as instituições democráticas, como o próprio STF. Além disso, divulgou notícias falsas para atrapalhar o combate à Covid-19 e mentiu sobre as vacinas.
O STF autorizou um pedido de prisão da Polícia Federal contra Allan dos Santos, mas o bolsonarista já tinha fugido para os Estados Unidos. A partir de então, o governo de Jair Bolsonaro começou a se movimentar para impedir que o pedido de extradição de Allan fosse concretizado e seu nome fosse incluído na lista de procurados da Interpol.
A delegada da PF, Dominique de Castro Oliveira, que era a responsável pelo caso de Allan dos Santos na Interpol, foi transferida para a Superintendência do Distrito Federal por ter dado andamento ao processo.
Aos seus colegas, desabafou: “além da incredulidade, há a forte sensação de revolta e de estar sendo injustiçada”.
Ela já tinha revisado os documentos, produzido a minuta e pedido a inclusão de Allan na lista de difusão vermelha da Interpol. Logo em seguida, foi transferida. Até hoje, o nome de Allan dos Santos não foi incluído na lista.
Houve também outro caso de perseguição contra servidores que deram andamento ao mandado de prisão contra Allan dos Santos. A diretora de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, foi demitida logo depois de ter caminhado com o pedido de extradição.
Allan dos Santos é muito próximo da família Bolsonaro, especialmente do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
A Polícia Federal obteve mensagens que mostram que a mansão em que Allan morava em Brasília era paga por Eduardo Bolsonaro.
Em uma conversa no Whatsapp, Allan falou para o deputado Felipe Barros (PSL-PR): “Já estou no bunker pago pelo Eduardo”.
A mansão, cujo aluguel era de R$ 9 mil, tem 600 m² de área construída, em um terreno de 2 mil m². A residência, que tem dois andares, conta com salão de festa, piscina com mesas de concreto dentro, banheiras, mirante, sauna, hidromassagem e seis quartos.
Outras mensagens que estão em posse da Polícia Federal indicam que Eduardo também auxiliou Allan dos Santos em sua fuga para os Estados Unidos.
“Preciso do nº do protocolo desses atendimentos p passaporte. E para qnd está agendado a retirada do passaporte ou a ida para tirar a foto, enfim, uma ida à PF”, disse Eduardo Bolsonaro.
Um mês depois, mesmo que os Estados Unidos tenham fechado suas fronteiras para o Brasil por conta da pandemia, Allan dos Santos conseguiu fugir e entrar nesse país.
Allan também pediu o contato do empresário bolsonarista Luciano Hang, dono das lojas Havan, para Eduardo. Depois de alguns dias, informou: “Luciano Hang está dentro. Patrocínio para o programa”.