Presidente Putin condena ingerência externa para acirrar tensões na Bielorrússia | Foto: reprodução

“Supomos que todos os problemas que ocorrem na Bielorrússia se resolverão pacificamente” e, se alguém comete delitos, acredita que “a lei procederá de modo justo” porque “deve tratar a todos por igual”, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, ressaltando que a Rússia se comporta de maneira bem mais moderada a respeito do país vizinho do que os europeus e norte-americanos.

Em conformidade com acordos de defesa mútua Rússia/Bielorússia, o presidente Vladimir Putin afirmou, em entrevista na televisão pública, que a Rússia está disposta a intervir com forças policiais na vizinha Bielorrússia em último caso.

“Alexandr Grigorevich Lukashenko pediu-me para formar um contingente de membros das forças de ordem. E assim o fiz. Mas acordamos também que este só será utilizado caso a situação se descontrolar”, disse Putin numa entrevista com o canal “Rossia 1”, na quinta-feira (27).

Putin e Lukashenko têm advertido que as forças da Otan têm rondado as fronteiras de países como Polônia e Lituânia com a Bielorrússia.

Putin também avaliou que as forças da ordem da Bielorrússia “se comportam com bastante moderação”, e assegurou que “a situação está se corrigindo” e confia em que “todos os problemas que, certamente, existem — do contrário, a população não sairia às ruas — se resolverão no marco constitucional através da lei”.

O presidente Lukashenko tem denunciado nos atos em apoio a seu governo que as manifestações e greves que afetam o país depois do resultado oficial das eleições realizadas no dia 9 de agosto “são planejadas e dirigidas do exterior”.

Putin frisou que “a questão não é o que acontece agora na Bielorrússia, mas que alguém deseja que lá ocorra algo mais: quer influenciar nesses processos”.

Os protestos se iniciaram em várias cidades do país no dia 9 de agosto, depois que foram anunciados os primeiros resultados das eleições presidenciais, nos quais Alexandr Lukashenko obteve mais de 80 % dos votos. Setores de oposição não aceitam os resultados, resistem ao diálogo e organizam protestos, rejeitando os resultados das urnas.

O ministro de Assuntos Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, expressou sua esperança de que as partes rivais da atual situação política no país possam superar a crise através de um diálogo nacional sem ingerência externa.

“Eu realmente espero que deixem os bielorrussos tratarem de seus assuntos por eles próprios e que eles não sejam dirigidos por aqueles que se interessam pela Bielorrússia somente para determinar seu espaço geopolítico para promover sua conhecida lógica destrutiva”, afirmou Lavrov.

Para ele a crítica que partiu nos últimos dias por parte da União Europeia e dos Estados Unidos na imposição de sanções ao país – “se trata de geopolítica”.

“Porém, não acreditamos que seja possível tentar impor intermediários entre os dirigentes bielorrussos e o povo bielorrusso desde fora, já seja a OSCE, a UE ou qualquer país vizinho. Os bielorrussos são um povo sábio, eles mesmos poderão determinar as formas em que pode se organizar um diálogo nacional e como isso ajudará a superar as dificuldades que surgiram agora”, acrescentou.