Imagem da cidade de Belo Horizonte nesta segunda-feira - Foto: Reprodução/G1

A cidade de Belo Horizonte amanheceu sob uma fumaça acinzentada, nesta segunda-feira (28), decorrente dos incêndios florestais que estão ocorrendo em torno da Região Metropolitana. A Serra da Moeda, que sofre com um dos piores incêndios de toda a história, já perdeu mais de 4.200 hectares de área.

Somente nas últimas 24 horas, o Corpo de Bombeiros atendeu a 91 chamados para combater focos de incêndios em florestas em Belo Horizonte e Região Metropolitana.

De acordo com a meteorologista Anete Fernandes, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a secura da atmosfera e a fumaça causada por causa dos incêndios florestais na região são os motivos dessa paisagem.

O Cerrado e a Mata Atlântica, biomas predominantes em Minas Gerais, também enfrentam queimadas e o descaso do governo Bolsonaro com o meio ambiente.

Os números do Inpe mostram que, na atual estação, a floresta queima em área menor que o cerrado – predominante no estado. Até o fim da última semana, de um total de 5 mil pontos de queimadas contabilizados em Minas, mais de 3,1 mil eram no cerrado, enquanto a mata atlântica registrava cerca de 1,7 mil.

O cerrado também é o segundo bioma que mais sofre em escala nacional (28,3% dos focos identificados no Brasil), perdendo apenas para a Amazônia (48,7%). Em todo o país, o Inpe computava mais de 42 mil focos de incêndio no cerrado até o fim da semana passada, enquanto no Pantanal, a terceira paisagem mais afetada, com 10,9% do total de registros verificados, somava cerca de 16 mil focos desde o início do ano.

RECORDES DE QUEIMADAS

O Brasil segue enfrentando a sua pior fase da história no combate ao desmatamento e aos incêndios florestais. A omissão e a irrelevância do governo federal perante a situação dificulta ainda mais a diminuição dos danos.

O Pantanal matogrossense já registra o número mensal mais alto de focos de incêndio desde o início da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 1998: Quando foram 6.048 pontos de queimadas registrados no bioma desde o dia 1º de setembro, até a última quarta-feira (23). O recorde mensal anterior era de agosto de 2005, quando houve 5.993 focos de incêndio no bioma.

Em comparação a 2019, quando setembro teve 2.887 focos detectados em 30 dias, o mesmo mês de 2020 já apresenta uma alta de 109%. O número de focos neste mês está 211% acima da média histórica do Inpe para setembro, que é de 1.944 pontos de incêndio.

Para o pesquisador em política e conflitos ambientais Felipe Milanez, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), nem os dados em torno da destruição dos biomas brasileiros dão a dimensão da “tragédia” que está em curso no país.

“É impressionante o que está acontecendo este ano. Os números não dão conta de explicar a dimensão da tragédia que está ocorrendo. Tanto visual e física, para quem está lá, e está e está voltando a ver esse apocalipse, quanto de quem não quer ouvir as críticas, e as ridicularizam. Bolsonaro riu da devastação no Pantanal, ele está promovendo aquilo”, afirma.

Na Amazônia a situação também é extremamente preocupante. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diz que seu governo é “líder em conservação de florestas tropicais” e culpa indígenas, imprensa e ONGs por queimadas, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que até o dia 26 de setembro deste ano já foram identificados 73.459 focos de calor só na Amazônia. Ou seja, 12% a mais do que o registrado em todo o ano passado, que já havia tido o pior resultado em mais de uma década.