O presidente estadual do PCdoB-RJ, João Batista Lemos, destacou durante entrevista ao partido local, que a pré-candidatura de Manuela D’Ávila à Presidência da República pelo PCdoB, irá dialogar com outras candidaturas do campo da esquerda no sentido de construir a unidade e uma agenda popular para o Brasil.

Batista também tratou sobre a crise no estado do Rio de Janeiro e a reforma da Previdência Social, que o presidente ilegítimo, Michel Temer, tenta aprovar ainda este ano.

Confira a íntegra da entrevista:

Como você avalia a difícil conjuntura do estado do Rio de Janeiro?

“A crise no Rio está relacionada com a crise social, política, econômica e institucional instalada no país. Porém, isso vem repercutindo com muito mais força aqui no Rio de Janeiro. No Brasil há um movimento para adequar nossa nação à lógica de submissão aos interesses do capital financeiro internacional e, em especial, do imperialismo estadunidense: uma espécie de neocolonização do Brasil. Querem acabar com a soberania nacional, querem que o Brasil volte a ser apenas produtor e exportador de commodities, afastando o país do desenvolvimento econômico e industrial que vinha se desenvolvendo nos governos Lula e Dilma. Tudo indica que o governo Temer busca construir as bases para esse regime neocolonial. Aqui no Rio, o PMDB entra em um processo de decadência, afinal o estado entrou em uma crise econômica e fiscal enorme. Nesse cenário, o Rio governado por Pezão e seus aliados vem sendo uma espécie de laboratório ou modelo de ultraliberalismo que buscam aplicar no país. Com o enfraquecimento do PMDB, há uma crise de hegemonia, pois, era esse partido que hegemonizava a política no estado. É preciso estar atento porque nesse vácuo político pode emergir uma tendência à direitização aqui no Rio. Portanto, não há outra saída para nós que não passe pela construção de uma Frente de salvação do estado do Rio de Janeiro para recuperarmos todas essas perdas e construirmos, juntos, um Rio Desenvolvido, Democrático e de Paz”.

Como seria a construção e composição dessa Frente?

“Essa Frente deve ter um corte de centro-esquerda e deve se unir em torno de uma plataforma de salvação do estado articulada com a luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento para o Brasil. Uma plataforma que contemplaria desde a questão política, industrial e econômica no estado, até as pautas da cultura, da saúde, educação, segurança pública, além de outros pontos fundamentais da agenda política do Rio de Janeiro. Uma plataforma que leve em conta todos os aspectos da vida social do povo fluminense à luz do Projeto Nacional”.

Após diversas medidas regressivas já impostas ao Brasil, o governo Temer tenta aprovar a Reforma da Previdência ainda este ano. Qual a sua avaliação desse cenário?

“Todas essas medidas e reformas anti-povo de Temer são contrárias a um Projeto de Desenvolvimento no país porque reduzem o custo da mão-de-obra, o que reduz também o mercado interno, isso é um círculo vicioso. Tenta passar a Reforma da Previdência sob as alegações de que ela paralisa as contas pública, e esse suposto déficit seria um entrave ao desenvolvimento do Brasil. Entretanto, isso é uma falácia. Já foram realizados vários e aprofundados estudos – como, por exemplo, o documento elaborado  por diversos especialistas em economia, direito, proteção social e mercado de trabalho, e publicado pelo DIEESE e ANFIP – que afirmam que não há déficit na Previdência, e que o governo Temer viola a Constituição para alegar que existe esse déficit nas contas da Previdência Social visando impor esse ponto da agenda ultraliberal à sociedade brasileira, o que atingirá, principalmente, a juventude e a classe trabalhadora em nosso país”.

 

Como responder a essa ofensiva anti-popular?

“Devemos nos preparar para grandes embates políticos de classe nesse período, portanto é preciso acumular força entre as massas, é necessário construir a unidade das Centrais Sindicais, Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo na luta e ir para as ruas, escolas, universidades, bairros e locais de trabalho. É preciso dar um salto político e por isso há cada vez mais a necessidade de articular a luta da resistência para não perder direitos com a perspectiva para o povo de melhoria de condições de vida que só pode ser alcançado através
de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que fortaleça e amplie os seus direitos, e desenvolva o país gerando emprego e distribuindo a renda. Para fortalecer a mobilização é preciso que o povo enxergue perspectiva de mudança e isso deve se transformar em luta para garantir as eleições de 2018. O momento é muito difícil, mas pode trazer a oportunidade do engajamento do povo e do fortalecimento da luta popular de massas no Brasil. E para isso é preciso unidade. O lançamento da candidatura de Manuela D’Ávila vem nesse sentido de construir a unidade e colocar no centro do debate essa perspectiva de construção de uma agenda em defesa de um projeto de país que busca fortalecer a democracia, a soberania nacional e os direitos do povo. Apoiamos a proposta de um plebiscito popular para revogar todas as medidas anti-popular e anti-nacionais e anti-democráticas do governo usurpador de Temer”.

Como articular a candidatura da Manuela d’Ávila com outras do campo progressista?

“Além de fortalecer o protagonismo político do PCdoB, a candidatura da Manuela vai dialogar com a candidatura de Lula, Ciro e outras de nosso campo no sentido de construir a unidade e uma agenda popular para o Brasil. Nesse sentido, é relevante ressaltar a importância da candidatura de Lula no próximo ano para a retomada democrática em nosso país. É fundamental enfrentar essa articulação das forças conservadoras, articuladas com setores do Poder Judiciário, que visa impedir a candidatura do ex-presidente. A defesa do direito de Lula concorrer ao pleito de 2018 é a luta contra o Estado de exceção, é a defesa da democracia, dos direitos do povo e da soberania nacional. Lula está percorrendo o país e em visita ao Rio fez questão de ressaltar a importância da unidade e do resgate da democracia e do desenvolvimento com geração de emprego e distribuição de renda. O PCdoB aqui no Rio acolhe Lula como a maior liderança operária forjada na luta de classes dos últimos tempos no Brasil, apoia na perspectiva da construção de um Frente Ampla Democrática e Popular juntamente com a nossa pré-candidatura à presidência com a camarada Manuela D’Ávila”.

Fonte: PCdoB-RJ