O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, relatou que começou a sofrer “ameaças de morte diárias” depois que Jair Bolsonaro começou a atacá-lo “obsessivamente”.

Bolsonaro passou a atacar o ministro quando Barroso era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No TSE, Barroso defendeu a democracia e repudiou a tentativa bolsonarista de voltar ao voto impresso.

“Depois que o presidente começou a me atacar obsessivamente, começaram a surgir ameaças de morte diárias. Tenho que andar com 5 seguranças. É um inferno. Mas não tenho medo, porque tenho essa proteção institucional. Viajo com uma pessoa dentro do avião. Não ando sozinho”, contou Barroso.

Segundo o ministro do STF, “as ameaças chegam por telefone, porque é mais difícil de deixar rastro”.

“Continuo com a mesma rotina, mas é lamentável. Algo aconteceu no Brasil que se liberaram todos demônios, então violentos, racistas, homofóbicos, misóginos e supremacistas, que estavam nas sombras, saíram à luz do dia. Isso aconteceu no mundo e no Brasil”, avaliou.

Para defender a volta para o voto impresso, que é mais facilmente fraudado por milícias, Jair Bolsonaro começou a dizer que as eleições de 2014 e 2018 foram fraudadas. Segundo ele, “a fraude está no TSE”, que era presidido por Barroso.

Bolsonaro falou que tinha provas de que as eleições foram fraudadas, mas desafiado por Barroso e pelos demais ministros do STF a apresentá-las, recuou e disse que não as tinha.

Os ataques de Jair Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes também fizeram com que seus seguidores passassem a ameaçá-lo.

Um bolsonarista falou nas redes sociais que “a partir de hoje, nós temos um grupamento no Brasil que vai caçar ministro [do STF] aonde quer que eles estejam”.

Em manifestação na Avenida Paulista, no dia 7 de setembro de 2021, Jair Bolsonaro falou que não iria mais acatar e respeitar as decisões de Alexandre de Moraes.

As ameaças também começaram a ser relatadas entre os servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) depois da autorização da vacinação infantil. A Anvisa acionou a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República e pediu proteção policial para os servidores.

Jair Bolsonaro disse que iria expor os servidores que aprovaram a vacinação infantil. “Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para 5 a 11 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas”.

O governo Bolsonaro tentou impedir que as crianças fossem vacinadas, apesar da aprovação da Anvisa, que considerou a vacinação segura e necessária.