O governo da Bahia confirmou que cederá 50 milhões de doses do imunizante russo Sputnik V, que foram adquiridas após negociações que começaram ainda em agosto do ano passado, ao Plano Nacional de Imunizações do Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, a vacina poderá ser distribuída em todo o país, após ter o seu uso autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A compra de 50 milhões de doses da Sputnik V foi oficializada pelo governo baiano junto ao Fundo Russo de Investimentos Diretos em agosto de 2020. A Sputnik V possui eficácia comprovada de 91,6%, segundo artigo publicado na revista científica inglesa “Lancet”.

Além das 50 milhões de doses oriundas do acordo com o fundo russo, a pasta também negocia com o laboratório União Química, que pretende produzir o imunizante diretamente no Brasil.

Em publicação nas redes sociais, o governador da Bahia, Rui Costa, afirmou que oferecer as vacinas para distribuição nacional sempre foi o objetivo do governo. Tanto que o acordo prevê 50 milhões de doses, que é mais do que o necessário para vacinar todos os 15 milhões de habitantes do estado.

Após esse acordo, a Sputnik V poderá ser usada para vacinar mais 25 milhões de pessoas pelo Brasil, mas ainda não está claro quando esse lote começará a chegar e quando as doses serão integradas ao programa de vacinação brasileiro. O governo baiano, no entanto, informou que até abril serão destinadas 500 mil doses especificamente para o estado.

Rui Costa afirmou ainda que “se o Governo Federal não comprar a vacina, o governo da Bahia vai comprar e vacinar nosso povo. É obrigação do Governo Federal coordenar o plano de imunização. Sempre foi assim que aconteceu no Brasil, mas, pela primeira vez, temos um presidente que coloca em dúvida a vacinação”.

“Depois de muita luta, estamos perto da liberação da Sputnik V, seja pela Anvisa ou pela MP do Senado. Firmamos um acordo em setembro com a Sputnik V e garantimos 50 milhões de doses. Se o Governo Federal não cumprir sua obrigação, nós vamos garantir as doses necessárias”, prometeu.

BUROCRACIA IRRACIONAL

O governador da Bahia criticou a “burocracia irracional” da diretoria da Anvisa para a liberação de imunizantes que já estão sendo utilizados por outros países para frear a pandemia de coronavírus, que já matou mais de 230 mil brasileiros.

“A população brasileira quer que a Anvisa analise os estudos e diga se a vacina é segura ou não, se é eficaz ou não, e não que adote esta postura burocrática, irracional, de se negar a analisar os estudos enquanto não tiver um estudo de caso no Brasil. Isso não valoriza e não privilegia a vida humana, que deveria ser o mais relevante, salvar vidas”, enfatizou.

Na semana passada, a Anvisa retirou a exigência da realização de ensaios clínicos de fase 3 no Brasil para aprovação de uso emergencial das vacinas. A medida foi apontada como um dos empecilhos da agência para a liberação da vacina russa, que já é utilizada em 24 países.

Na sexta-feira (5), o Ministério da Saúde confirmou a intenção de adquirir 10 milhões de doses importadas da vacina e o interesse em adquirir as doses que a União Química vier a produzir no Brasil.

O cronograma de entrega dessas 10 milhões de doses prevê 400 mil chegando uma semana após a assinatura do contrato, mais 2 milhões depois de um mês e 7,6 milhões nos dois meses seguintes.