Negacionista Clive Palmer plagiava até slogan de campanha de Trump

A Austrália destruiu cerca de cinco milhões de comprimidos de hidroxicloroquina – o equivalente a 1 tonelada da droga inútil contra a Covid-19 – doados no ano passado pelo bilionário de extrema-direita e negacionista Clive Palmer, ferrenho opositor à vacinação contra a Covid-19.

O fato, que ocorreu em abril, somente agora foi divulgado pelo jornal inglês The Guardian. Bilionário do ramo da mineração, Palmer chegou a pagar anúncios em jornais que chamavam a droga de “cura contra a Covid”.

Ele chegou a prometer doar 32,9 milhões de comprimidos do derivado da cloroquina, mas o governo de Canberra recusou a oferta, após a condenação da OMS ao medicamento como inútil na prevenção da pandemia.

O estoque ficou parado por meses num galpão do aeroporto de Melbourne, depois de chegar em agosto do ano passado, quando as autoridades médicas australianas já haviam emitido alerta contra o uso da cloroquina para ‘tratar ou prevenir’ a Covid-19.

Ainda segundo o Guardian, Palmer nem sequer ocultou sua intenção de tirar proveito pessoal da oferta de cloroquina, tendo chegado a pedir autorização às autoridades australianas para estampar seu nome e o logo da sua fundação nas caixas de comprimidos doados, o que lhe foi negado.

Palmer também já comparou a Covid a uma “gripe” e disse que as mortes causadas pela doença eram “comparáveis” às causadas por acidentes de trânsito.

Em julho do ano passado, foi chamado pelo governador do estado da Austrália Ocidental, Mark McGowan, de “inimigo do Estado” e “maior egomaníaco” do país, após entrar na justiça contra as medidas de contenção da pandemia. Mais recentemente, Palmer enviou pelo correio panfletos antivacinação para milhares de cidadãos australianos.

Além de copiar Trump – e seu fiel escudeiro Jair Bolsonaro – na apologia da inútil cloroquina, nas eleições de 2019 Palmer plagiou o slogan de campanha do bilionário norte-americano, mas sua versão “Make Australia Great” não empolgou ninguém. E sua legenda, o Partido Unido da Austrália, de que é virtualmente o dono, não conquistou qualquer cadeira, apesar de milhões de dólares que despejou na campanha.