Atriz Fernanda Montenegro critica corte de verba do Colégio Pedro II
A maior atriz brasileira, Fernanda Montenegro, condenou a ameaça de fechamento do Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, devido ao corte de verba realizado pelo governo Bolsonaro. Para Fernanda, “acabar com o Colégio Pedro II é um crime educacional, é um crime”.
Nesta semana, foi realizada uma mobilização em defesa do CPII após a reitoria do anunciar que com o bloqueio de verbas realizado pelo Ministério da Educação (MEC) inviabiliza o funcionamento do colégio, uma das mais tradicionais instituições de ensino do Brasil.
A atriz se somou aos protestos e divulgou um áudio em que ressalta a importância da instituição para o país e considerou que “entre tantas desgraças que estamos sofrendo, e mesmo assistindo, incapacitados de uma ação imediata, dada esse vírus. Saber sempre, de mais um fim cultural educacional é um desalento”.
Fernanda, que estudou na instituição, explica que o Pedro II “é um colégio histórico, é um colégio referencial até hoje, na sua estrutura de ensino. Ele foi criado em 1837, foi fundado nessa época pelo regente Feijó que esteve à frente do país, até Pedro II, aos 15 anos, ser coroado. A partir daí, da fundação dele, é um colégio padrão do Brasil sem nenhuma discussão. Lá estiveram como professores Barão do Rio Branco, Euclides da Cunha, Manuel Bandeira, o Aurélio Buarque de Holanda… Historicamente é um absoluto espaço educacional do Brasil, gratuito, ensino gratuito gente, o ensino gratuito! Eu na minha geração, era um colégio referencial absoluto. Eu fiz o meu ginásio e prestei meu exame do art. 99 no Pedro II”.
“Não destruam nossa história, não destruam a nossa educação, não destruam nossa cultura. Seremos um país de que? De Fezes?!”, questiona a atriz.
“Por favor, que haja um movimento em torno disso. Estamos parando de cultuar a nossa história, as nossas heranças educacionais, culturais. Não, não se pode permitir. É “dar mão forte à morte”, é se entregar a morte. Temos que viver, temos que nos salvar. Nada, nada salva um país, a não ser a cultura e a educação, ou, a educação e a cultura. Vivem juntas. Uma hora trágica”.
O corte da verba do Colégio Pedro II faz parte da iniciativa do governo Bolsonaro de sufocar as instituições federais de ensino, deixando-as sob grave risco de fechamento.
O orçamento federal aprovado para 2021 previa uma verba de custeio de R$ 39.313.375,00 para o CPII. Entretanto, o MEC ainda anunciou um bloqueio de 18,13% do orçamento de custeio, que representa R$ 7.128.795,00 do valor destinado ao pagamento de serviços como limpeza e vigilância, contas de água, luz, telefone e internet, compra de materiais de consumo e realização de obras de conservação.
Para se ter uma ideia do tamanho do arrocho, em 2018, antes do início do governo Bolsonaro, a verba de custeio do Colégio Pedro II era de R$ 51,3 milhões.
Ouça o áudio: