Atividade econômica recua 0,15% em agosto ante julho
A atividade econômica do país voltou a retrair em agosto, informou o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) divulgado nesta sexta-feira (15). A teoria de recuperação em “V” do ministro da Economia Paulo Guedes, portanto, não se sustenta com base da realidade de um país que não consegue nem ao menos recuperar as perdas da pandemia e atravessa uma explosão inflacionária provocada pelos preços administrados pelo governo e o desemprego atingindo milhões de brasileiros.
O índice do BC é considerando uma “prévia” dos resultados do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. De acordo com o BC, a retração na passagem de julho para agosto foi de 0,15% e interrompeu dois meses de melhora virtual na atividade econômica devido à reabertura dos serviços e avanço da vacinação contra a Covid-19.
O resultado oficial do PIB é divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No primeiro trimestre a atividade econômica variou 1,2% e recuou -0,1% no segundo trimestre, ambos na comparação com os trimestres anteriores. .
Na comparação com agosto do ano passado, o indicador do Banco Central teve alta de 4,75% nos níveis de atividade. Longe de representar um movimento de recuperação econômica, o avanço apenas compensa parcialmente as perdas de um ano em que o PIB caiu 4,1%.
Há duas semanas atrás, Guedes anunciou mais um voo de galinha. Disse que “a economia vai voar em 2022”. Assim como fez no início da pandemia da Covid-19, no ano passado, que levou à morte 600 mil brasileiros.
Mesmo que o governo Bolsonaro insista que a crise é mundial na tentativa de aliviar sua responsabilidade pela atual situação do país, a postura frente à inflação e o desemprego não deixa dúvidas de que o Brasil não vai para a frente sob os desmando do governo Bolsonaro.
A inflação oficial do país bateu os dois dígitos em setembro e registrou avanço de 10,25% em setembro segundo os cálculos do IBGE, o maior índice dos últimos 27 anos. Longe de ser pressão de uma “demanda reprimida” do período de pandemia, os preços que impactam para a carestia são justamente os administrados pelo governo – como energia elétrica, gasolina e o botijão de gás, além da alta dos alimentos, que tirou da mesa dos brasileiros até o básico feijão com arroz e deixou a metade da população vivendo a insegurança alimentar e 20 milhões passando fome.
Paulo Guedes diz que não pode fazer nada porque “a inflação está em todo o mundo”. Enquanto isso, o desemprego em 2021 bate os recordes do ano passado, atingindo 14,1 milhões de pessoas e levando mais da metade dos trabalhadores do país para a informalidade.
Em agosto, as vendas do varejo recuaram 3,1%. Já a indústria sofre um verdadeiro desmonte – com resultados negativos sequentes e queda de 0,7% no mês. O volume de serviços, maior componente do PIB, não consegue ganhar peso nem mesmo com a reabertura da economia.
Diante disso, até mesmo as projeções para 2022 tem sido revisadas. O Fundo Monetário Internacional (FMI), que antes já previa crescimento medíocre de 1,9%, agora já projeta variação de 1,5% para o ano que vem. Economistas de instituições financeiras estimam um resultado ainda pior, menos de 1%.