O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia para o anúncio de investimentos para o Programa Águas Brasileiras.

Após os atos do dia 7 de Setembro, quando Bolsonaro radicalizou seus ataques à democracia e ao Supremo Tribunal Federal (STF), o dólar disparou para R$ 5,327 e a Bolsa de Valores encerrou em queda de 3,78% nesta quarta-feira (8). Com esse resultado, o Ibovespa passou a acumular recuo de 4,52% no mês e perda de 4,71% no ano.

Segundo analistas financeiros, os investidores estão cada vez menos confiantes no governo Bolsonaro. A semana que antecedeu o dia 7 de Setembro foi marcado por manifestações de banqueiros e empresários, da Febraban e de entidades da indústria e do agronegócio, rechaçando a política antidemocrática de Bolsonaro e os ataques ao Supremo.

Para o setor financeiro, as atitudes do presidente estão levando o país à bancarrota, com inflação galopante, desemprego recorde e ameaça de apagão. Resultado é um PIB (Produto Interno Bruto) estagnado no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro. As previsões para o PIB do ano que vem também não são nada animadoras, menos de 2%, para os mais otimistas.

Enquanto passeia de moto, com a gasolina a R$ 7 o litro, Bolsonaro afronta a nação dizendo que o botijão de gás está barato, em média R$ 100, e que é melhor comprar rifle do que feijão, quando crescem as filas em açougues para comprar osso. Não satisfeito, ele reduz investimentos públicos, sabota a vacinação e ataca governadores.

Com afirmou o economista André Lara Resende, “o governo tem um projeto explicitamente antidemocrático e está disposto a sacrificar a economia e as instituições para colocá-lo em prática”.

Na semana que antecedeu o 7 de setembro, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou nota (2/9) reafirmando o conteúdo de um manifesto contra as ameaças de Bolsonaro à democracia que teve o apoio de mais de 300 líderes empresariais dos setores financeiro, industrial e agrícola. A reação de Bolsonaro ao manifesto foi tirar o Banco do Brasil e a Caixa da entidade e tentar impedir a circulação do documento. Mas, como disse a Febraban, “o conteúdo do manifesto, aprovado por sua governança própria, foi amplamente divulgado pela mídia do país, cumprindo sua finalidade”.

As ameaças golpistas de Bolsonaro no Dia da Independência recebeu o repúdio do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, parlamentares e governadores.

Em pronunciamento nesta quarta-feira (8), o presidente do STF, ministro Luiz Fux, afirmou que “ninguém fechará esta Corte” e que o desprezo a decisões judiciais por parte de chefe de qualquer poder configura “crime de responsabilidade“. Para Fux, “ofender a honra dos Ministros, incitar a população a propagar discursos de ódio contra a instituição do Supremo Tribunal Federal e incentivar o descumprimento de decisões judiciais são práticas antidemocráticas e ilícitas, que não podemos tolerar em respeito ao juramento constitucional que fizemos ao assumir uma cadeira na Corte”.

E conclamou: “em nome das ministras e dos ministros desta Casa, conclamo os líderes do nosso país a que se dediquem aos problemas reais que assolam o nosso povo: a pandemia, que ainda não acabou e já levou para o túmulo mais de 580 mil vidas brasileiras, e levou a dor a estes familiares que perderam entes queridos; devemos nos preocupar com o desemprego, que conduz o cidadão ao limite da sobrevivência biológica; nos preocupar com a inflação, que corrói a renda dos mais pobres; e a crise hídrica, que se avizinha e que ameaça a nossa retomada econômica. Esperança por dias melhores é o nosso desejo e o desejo de todos, mas continuamos firmes na exigência de narrativas e comportamentos democráticos, à altura do que o povo brasileiro almeja e merece.“