Assassinatos no AM explicitam agravamento de conflitos ambientais
O assassinato do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips na Amazônia e suas circunstâncias explicitaram, mais uma vez, um tema nevrálgico no Brasil: a violência no campo e em áreas florestais. De acordo com dados preliminares levantados pelo Centro de Documentação da Comissão Pastoral da Terra (Cedoc-CPT), somente neste ano, até maio, pelo menos 19 pessoas foram mortas em conflitos no campo — número que ainda não considera o homicídio de Pereira e Philips.
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Do total deste ano até o momento, três ambientalistas e um sem-terra foram mortos no Pará; além disso, cinco eram indígenas e dois quilombolas. Ainda em abril, a CPT já mostrava um salto de 75% em relação aos homicídios dessa natureza entre os anos de 2020, com 20 casos, e 2021, com 35. O levantamento revelou ainda que desde 1985, nenhum outro mandato acumulou tantos conflitos de terra quanto o de Bolsonaro: 4.078 entre 2019 e 2021.
Outro dado alarmante que mostra a gravidade da situação: segundo a ONG internacional Global Witness, 317 ativistas ambientais foram mortos no país desde 2012. No ano passado, o Brasil figurava no vergonhoso quarto lugar entre os que mais registram assassinatos relacionados a questões ambientais.
O descaso do governo Bolsonaro e a política de estímulo à violência e de permissividade e omissão com relação a temas como desmatamento, garimpo ilegal e ocupação de terras indígenas, além do desmonte de órgãos relacionados à fiscalização e à questão ambiental, são aspectos que têm agravado a insegurança e aumentado a possibilidade de conflitos e mortes em regiões como a Amazônia.
Ao lamentar a tragédia envolvendo o indigenista e o jornalista, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, declarou: “(é) o retrato de um Brasil que estimula a criminalidade. É preciso que a comunidade internacional veja o que acontece sob esse governo nefasto. Não podemos mais tolerar a barbárie”.
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No dia 15, o plenário da Câmara aprovou a criação de comissão externa para investigar as circunstâncias do desaparecimento e morte de ambos.
Além de acompanhar as investigações, o grupo vai atuar na fiscalização das ações desenvolvidas pelos órgãos competentes e propor providências para o combate do aumento da criminalidade na região. O requerimento foi apresentado pela deputada indígena Joenia Wapichana (Rede-RR) e subscrito por 12 parlamentares de diversos partidos, entre eles os comunistas Orlando Silva e Alice Portugal (PCdoB-BA).
Por Priscila Lobregatte
Com agências