Caixão coberto com a bandeira nazista no funeral da fascista Alessia

Um funeral em que uma bandeira nazista com a suástica cobria o caixão cercado por fascistas fazendo a saudação do hitlerismo causou indignação na Itália.

Os fatos que afrontaram a comunidade da igreja de Santa Lucia, no norte de Roma, e a toda a população do país, ocorreram na segunda-feira (10), quando, ao final da missa pelo falecimento de Alessia Augello, integrante do movimento neofascista Forza Nuova (FN), os presentes levaram o caixão para fora da igreja, o cobriram com a suástica nazista, e começaram a realizar saudações esticando o braço com a palma estendida para baixo, parodiando os seguidores de Adolf Hitler.

A arquidiocese de Roma condenou a cena como “grave, ofensiva e inaceitável”. Ainda mais em se tratando de um país onde o povo sofreu durante a guerra causada pela aliança nazi-fascista, particularmente com a ocupação alemã ao final da Segunda Guerra causando confrontos com as forças aliadas e que resultaram em intenso sofrimento e destruição aos italianos.

A paróquia local afirmou que não estava ciente de que esse comportamento extremista ocorreria nas portas de sua igreja. “Infelizmente, o que aconteceu fora da igreja no final da celebração ocorreu sem qualquer autorização do padre celebrante, que não sabia o que estava para acontecer”, disse Alessandro Zenobbi, pároco da capital italiana. Ele também enfatizou que a suástica nazista é um “horrível símbolo irreconciliável com o cristianismo”.

A polícia nacional já iniciou uma investigação para identificar os responsáveis pela colocação da bandeira e identificou vários participantes no funeral, todos membros de grupos de extrema-direita.

Forza Nuova é um partido neofascista que ganhou as manchetes por seus violentos protestos contra o Certificado Sanitário anticovid e todas as restrições impostas pelo governo devido à pandemia. O líder nacional da FN, Roberto Fiore, e o de Roma, Giuliano Castellino, estão presos desde 9 de outubro passado, quando participaram do assalto à sede da principal central sindical do país, a Confederação Geral Italiana do Trabalho, CGIL, contra o apoio dos trabalhadores ao atestado anticovid na capital.

A proibição desse grupo foi aprovada em outubro passado pelo Senado italiano e também foi apresentada uma moção na Câmara Alta italiana que defende a dissolução de todos os movimentos políticos de clara inspiração fascista.

A comunidade judaica de Roma expressou indignação pelo fato de que tais eventos ainda possam acontecer mais de sete décadas após o fim da Segunda Guerra Mundial e a queda da ditadura fascista italiana.

“É inaceitável que uma bandeira com uma suástica ainda possa ser mostrada em público nos dias de hoje, especialmente em uma cidade que viu a deportação de seus judeus pelos nazistas junto com os colaboradores fascistas”, disse o comunicado.