O adeus a Maradona em Buenos Aires

“Diego Presente!”, dizia a faixa com as cores azul e amarela do Boca Juniors, um dos clubes pelo qual brilhou, erguida por um dos argentinos que foi dar adeus ao craque Diego Armando Maradona diante de seu corpo em uma das dependências da sede presidencial, a Casa Rosada

A multidão que está reunida nas praças centrais de Buenos Aires nesta manhã do dia 26, e com previsão de que ultrapasse o milhão de admiradores, mostra o quanto o astro do futebol argentino e mundial habitava no coração de seu povo.

A saudação a sua vibrante passagem se estende desde as ruas da capital argentina até concentração popular em Nápoles, diante do estádio do time pelo qual brilhou na Itália e que agora levará o seu nome, até à frente da embaixada argentina em Pequim.

Este emotivo adeus, comparável às despedidas de outras grandes personalidades argentinas, Gardel, Evita e Perón é o momento em que todos rememoram seu domínio sobre a bola que teve início quando ainda garoto, um pibe, como dizem seus compatriotas. Ele saiu dos terrenos baldios da pobre Villa Fiorito para brilhar com seu gênio, astúcia e prazer de jogar, com a bola sempre colada a seu pé esquerdo, nos maiores estádios dessa paixão que é o futebol.

Para os argentinos, sua superação da pobreza através das vitórias e dos gols, particularmente, naqueles que deixaram os da Inglaterra – que até hoje ocupa parte de seu território, as Malvinas -, a catar cavacos diante das câmaras de todo o mundo, no estádio Azteca, no México, na Copa de 1986, da qual a Argentina seria campeã, tem, ainda hoje, o sabor de uma merecida revanche e também atua como a dizer a todos que é possível superar desafios e dificuldades.

Possivelmente, por conta das marcas que essa dura infância lhe deixou, veio sua adição às drogas e ao álcool que o levou ainda cedo, na manhã de um 25 de novembro que ficará na lembrança dos argentinos e dos que se comoveram mundo afora com sua história e sua dedicação ao futebol e a seu povo. Uma identidade que o tornou adepto do peronismo e admirador de libertadores revolucionários como Che e Fidel.

A grandiosidade de Maradona também se mostra pelo fato de que argentinos de todas as forças políticas do país rendem tributo a seu talento.

As emoções que os argentinos demonstram agora e que seguirão expressando no decorrer do período do velório, do funeral e do luto contarão com suas imagens mais um capítulo da história de um país que se encontra em momentos como este de identificação de sua nacionalidade e de seus anseios.