Trem "Marcha Branca" volta a operar e transportar passageiros de Buenos Aires a Córdoba

O ministro dos Transportes, Alexis Guerrera, e o presidente da empresa estatal Trens Argentinos Operações e Infraestrutura, Martín Marinucci, afirmaram à Agência Telam que até o final do próximo ano o Estado nacional recuperará o controle de toda a malha ferroviária do país, e desta forma “poderá fazer os investimentos necessários para a recuperação do sistema ferroviário”.

Em entrevista a bordo do trem “Marcha Branca” que marcou o retorno do serviço de passageiros às estações 9 de Julio, Carlos Casares e Pehuajó da Província de Buenos Aires, Guerrera assinalou que “a resolução que tomamos estabelece a caducidade de todas as licitações para o final do próximo ano, então todo o sistema estará passando para o Estado nacional”.

“Se queremos uma Argentina grande, produtiva, próspera e conectada, temos que defender as ferrovias. Para se desenvolver, um país precisa ter um sistema de transporte moderno e eficiente, porque é a chave, não só para a transferência de pessoas, mas também para a redução dos custos logísticos, para chegarmos às produções regionais, para podermos gerar mais crescimento e desenvolvimento”, apontou o ministro dos Transportes.

Ele lembrou que “em 2011, 2012, durante o governo de Cristina Kirchner, decidiu-se expandir o sistema ferroviário e houve serviços de trem na província de Buenos Aires, em Misiones, em Entre Ríos; e depois, durante a gestão de Mauricio Macri houve uma decisão de reverter esses serviços, anulando muitas linhas”.

“Entendemos os prazos, a necessidade econômica e por isso podemos recuperar os serviços, está sendo feito um desenvolvimento nos trilhos, licitando e comprando locomotivas, fomos a um processo licitatório para compra de peças de reposição, pois o macrismo havia cancelado tudo isso, destacamos milhões de dólares para equipamentos, o que nos permitiu recuperar dezenas dos vagões de passageiros que estavam parados”, informou

A rede ferroviária argentina foi uma das mais extensas do mundo (chegando a possuir em seu auge, mais de 47.000 km de vias) e segue sendo a maior da América Latina.

Entre 1947 e 1948, durante a presidência de Juan Domingo Perón, todas as ferrovias do país foram nacionalizadas e reorganizadas em torno da Empresa de Ferrovias do Estado Argentino (EFEA, posteriormente renomeada Ferrovias Argentinas) e receberam nomes de personalidades destacadas da história argentina: San Martín, Belgrano, Sarmiento, Urquiza, Mitre e Roca.

Em 1991, o governo de Carlos Menem desmontou as Ferrovias Argentinas após ser efetuada a completa concessão da rede ferroviária à iniciativa privada, que se iniciou em 1992. Também foram entregues à iniciativa privada os serviços de transporte de cargas, enquanto que a responsabilidade do transporte interurbano de passageiros foi transferida para as províncias argentinas, sendo que a maioria delas acabou encerrando os serviços.

Atualmente, a malha nacional foi reduzida para 4.638 km para serviços de passageiros e aproximadamente 18.000 km para serviços de carga. Somados os trechos das províncias, possui atualmente uma extensão total de 36.928 km. O encerramento e desmantelamento de vários ramos e a ênfase dada ao transporte automotor a partir de 1990, diminuíram o sistema progressivamente até atingir o número já referido.

Por sua vez, o presidente de Trens Argentinos Operações e Infraestrutura, Martín Marinucci assinalou: “Isso se faz, além da decisão política, com a busca de financiamento, de recursos; nestes anos, toda vez que se elabora e se constrói um orçamento, temos o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Sergio Massa, para que sejam realizadas as obras de infraestrutura necessárias, para que as estações e vias sejam melhoradas, incorporando tecnologia para que a Belgrano

Cargas e Logística, empresa criada no governo de Cristina Kirchner, continue expandindo e melhorando seu transporte e logística “.

“Não tenho dúvidas de que com o este plano, sustentado ao longo do tempo como política de Estado, vamos recuperar uma enorme quantidade de linhas na Argentina”, disse Marinucci.

“A estatal Trens Argentinos não poderia ter passado de 3,8 milhões de toneladas de carga para 8 milhões no ano passado, se não houvesse Investimento neste governo. E não é só o investimento em infraestrutura e material rodante, recuperando material que ficou para trás e hoje volta a funcionar, mas há também a procura de financiamento internacional para novo material”, assegurou.