O candidato a presidente da Bolívia pelo Movimento Ao Socialismo (MAS), Luis Arce Catacora, visitou Sacaba neste domingo, onde homenageou as vítimas do massacre de 15 de novembro de 2019 e assegurou que não haverá descanso enquanto não houver justiça.

A covarde repressão da Polícia e do Exército contra os manifestantes que defendiam o governo de Evo Morales, deixou pelo menos 10 mortos e mais de 200 feridos próximos à ponte de Huayculli. Impedidos de rumarem a Cochabamba, foram alvejados simplesmente por levantarem suas Wiphalas [bandeiras da identidade e da autoestima dos povos indígenas].

“Me somo à dor das famílias dos irmãos assassinados no massacre de Sacaba. Somos povos de paz, não nos move o ódio nem a vingança, queremos justiça e não descansaremos até lográ-la”, afirmou Luis Arce, candidato masista e ministro da Economia do governo de Evo Morales.

A truculência e a covardia da ação em Sacaba foram idênticas às utilizadas apenas quatro dias depois na operação policial-militar para desbloquear as rotas da distribuidora de gás de Senkata, no departamento de El Alto, que deixou um saldo de 10 mortos. Ambas estão fartamente documentadas pela missão de observação do Alto Comissariado das Nações Unidas e igualmente qualificadas como “graves violações dos direitos humanos”.

Apesar das denúncias – e da eloquência das provas -, a autoproclamada presidenta Jeanine Áñez aplaudiu os facínoras e condecorou os responsáveis da Unidade Tática de Operações Especiais de La Paz com a “Medalha do Valor”, por sua “participação pacífica para recuperar a democracia no país”.

Liderando o ato com mais de 30 mil pessoas no estádio de Sacaba ao lado do candidato a vice-presidente, David Choquehuanca, Arce alertou para os “riscos e perigos” que o país está sujeito com o fim do processo de mudanças e os inúmeros retrocessos impostos pela política da bala. “Hoje está em risco nossa democracia, nossa economia, as políticas sociais. Está em risco o futuro de nossos filhos e netos. Temos que ir juntos, unidos, para ganhar as eleições do próximo três de maio”, enfatizou.

Em relação à exploração do lítio, nacionalizado no governo do MAS, Arce assinalou que o MAS sempre teve projetos para a industrialização desta estratégica matéria-prima, inclusive com parcerias – como com a Alemanha – que se encontram paralisadas e comprometidas. Da mesma forma, advertiu, projetos de exportação extremamente rentáveis para o gás, com contratos de venda a países vizinhos, que foram colocados “em risco”.

Via telefônica desde Buenos Aires, o ato contou com a participação de Evo Morales, que disse ser a vitória do MAS o caminho para “recuperar a Pátria”, com crescimento e desenvolvimento, e assegurou que ela “devolverá” os bônus criados pelo seu governo. “Nosso irmão Lucho (Luis Arce), lutando pelos bônus, garantirá a segurança e o crescimento econômico”, frisou.

Entre outras relevantes iniciativas do governo Evo estão o bônus Juancito Pinto, que incentiva a permanência das crianças no sistema educativo, praticamente zerando a taxa de deserção que era a mais alta da região; o Renda Dignidade, que garante melhor qualidade de vida aos idosos com mais de 60 amos; e o bônus Juana Azurduy, distribuído durante o acompanhamento do pré-natal e que possibilita que as mulheres possam comprar vitaminas e alimentos, melhorando a qualidade da gravidez e permitindo ao Estado um controle periódico. Outra conquista social extremamente significativa está o programa de alfabetização “Yo Si Puedo” (Eu Sim Posso), que beneficiou mais de 800 mil bolivianos e transformou o país em “território livre do analfabetismo”, feito reconhecido pela Unesco.

Candidato a vice, o ex-chanceler David Choquehuanca frisou que “necessitamos construir polícias que defendam os interesses de nossos irmãos, que defendam nossa soberania, que lutem contra todo tipo de submissão à invasão estrangeira, contra a violação da nossa soberania”.

O festivo comício contou com a presença de mais de 15 mil pessoas e lideranças populares como Andronico Rodrígues, das seis Federações do Trópico de Cochabamba, e candidato à Assembleia Legislativa Plurinacional (ALP), da Federação Única de Camponeses, de organizações Interculturais, profissionais e de vários setores sociais.