A exemplo do “valentão” Abraham Weintraub, ex-sinistro da Educação, que fugiu para os EUA temendo ser processado, o rei das queimadas Ricardo Salles parece trilhar o mesmo caminho. Será que o olavete também receberá de presente do presidente Jair Bolsonaro uma boquinha no Banco Mundial com salário de R$ 116 mil?

Por Altamiro Borges*

Nos últimos dias, o ministro da devastação ambiental protagonizou brigas com vários comparsas do laranjal palaciano. Ele bateu boca no Twitter com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, xingando-o de “Maria Fofoca”. Após humilhar o general, ele pediu “desculpas” e o milico ficou quietinho no seu canto!

A covardia do canastrão

Na sequência, Ricardo Salles atacou Rodrigo Maia, presidente da Câmara Federal, chamando-o de “Nhonho” – lembrando o personagem obeso da seriado mexicano “Chaves”. A reação foi imediata, com pedidos de afastamento do desqualificado. Covarde, o ministro atribuiu o xingamento a um hacker, mas sua versão não colou.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) inclusive decidiu acionar a Procuradoria-Geral da República para pedir o afastamento do provocador por quebra de decoro. Segundo notinha da Folha, “parlamentares e auxiliares de Bolsonaro afirmam nos bastidores que não acreditam na versão de Salles para justificar a ofensa”.

Desgaste da imagem do Brasil no exterior

Além de protagonizar baixarias na internet, o ministro da devastação ambiental vai colecionando inimigos para todos os lados. Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal suspendeu a medida do Conselho Nacional do Meio Ambiente que derrubava proteções em áreas de restingas e manguezais.

Segundo especula-se na imprensa, há também uma inquietação de setores da cloaca burguesa que temem o desgaste da imagem do Brasil no exterior em função dos crimes ambientais. O medo é que isso prejudique seus negócios. Muitos já pedem a cabeça de Ricardo Salles e lembram da saída do fujão Abraham Weintraub.

Vinho em Fernando de Noronha

Enquanto nada acontece com o provocador, que serve aos interesses destrutivos de Jair Bolsonaro, Ricardo Salles segue curtindo a vida. Neste feriado prolongado de Finados, ele aproveitou uma “viagem” oficial para relaxar na paradisíaca Fernando de Noronha (PE). No site UOL, o jornalista Ricardo Kotscho ironizou:

“Às vésperas do feriadão de Finados, sem outros assuntos mais urgentes na sua área para resolver, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acompanhado uma fornida comitiva, embarcou num avião da FAB para o arquipélago de Fernando de Noronha (PE), onde não há sinais de focos de incêndio.

(…)

Segundo reportagem da revista Crusoé, a comitiva chegou à pousada Maria Bonita no final da tarde de quarta-feira e lá ficou por cerca de três horas e meia, enquanto os garçons serviam rodadas de garrafas de vinho branco para amenizar o calor.

Foi de lá que seu celular oficial disparou a mensagem no Twitter chamando de ‘Nhonho’ o presidente da Câmara, Rodrigo Maia… Salles gosta de dar apelidos. Mas o ministro garante que não foi ele. Alguém deve ter usado seu celular, alegou. Com tanta gente na mesa, e tanto vinho, fica difícil descobrir quem foi”.

O ministro que mais gasta em viagens

Já a revista Época destila veneno ao informar que “Ricardo Salles foi o ministro que mais gastou com viagens em 2020, mas apenas 6% das despesas foram com viagens para estados da Amazônia Legal ou do Pantanal. Ao todo, Salles registrou e solicitou reembolso por 37 viagens no ano, num valor total de R$ 122 mil”.

Deste montante, R$ 7 mil foram gastos com seis deslocamentos para Amazonas, Maranhão, Pará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “É bem menos do que os R$ 43 mil em voos para São Paulo e os R$ 20 mil para uma viagem a Lisboa”. Não se sabe se a revista contabilizou as bucólicas viagens para Fernando de Noronha.

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

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