Jair Bolsonaro (sem partido) e Carlos Moisés | Divulgação

Mais um ‘outsider’ que se elegeu na onda bolsonarista de 2018, o governador Carlos Moisés, do PSL de Santa Catarina, é defecado do cargo. Um tribunal especial decidiu, por seis votos contra quatro, afastá-lo por 180 dias para dar continuidade ao seu processo de impeachment. A situação do militar aposentado é complicada!

Por Altamiro Borges*

Esse é o segundo governador eleito na carona de Jair Bolsonaro a ser derrubado por intrigas no próprio covil da ultradireita, incompetência administrativa, inabilidade política e denúncias de corrupção. O primeiro foi Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, que levou um “tiro na cabecinha” – como o valentão gostava de esbravejar.

No caso de Carlos Moisés, o desfecho ainda não está definido. O afastamento, votado no sábado (24), não é o impeachment definitivo, que pode ocorrer só ao final de todo o processo de apuração. A vice-governadora, Daniela Reinehr, que virou sua inimiga, é filha de um notório nazista e é apoiada pela horda bolsonarista, assumirá temporariamente o cargo.
Corrupção e intrigas na extrema-direita

A justificativa formal para o afastamento do governador é a de que ele igualou o salário dos procuradores do Executivo ao do Legislativo. Mas o que impulsionou mesmo o processo de descarte foram as brigas internas da extrema-direita em Santa Catarina. Moisés é acusado de “trair Bolsonaro” por deputados do seu partido.

Além disso, há várias denúncias de corrupção contra os “novatos” que ocuparam o governo do Estado. A Assembleia Legislativa já abriu um segundo processo de impeachment para investigar a compra de 200 respiradores durante a pandemia do novo coronavírus com pagamento adiantado de R$ 33 milhões.

“O governador também é suspeito de irregularidades na tentativa da contratação do hospital de campanha de Itajaí, no valor de R$ 100 milhões. Carlos Moisés ainda é suspeito de prestar falsas informações para a CPI dos Respiradores, além de omissão em apurar suspeitas envolvendo ex-secretários”, descreve a Folha.

Para complicar ainda mais, Carlos Moisés demonstrou total inabilidade política. Ele perdeu o apoio de cinco dos seis deputados do PSL. Na votação da abertura do processo de impeachment na Assembleia Legislativa, ele teve apenas seis dos 40 votos. O ex-bombeiro não apagou os incêndios nem na sua base fisiológica.

Charlatão do Amazonas também está na mira

Além dos governadores de Santa Catarina e do Rio de Janeiro, outro bolsonarista está na linha de tiro e pode perder o cargo em breve. Wilson Lima, o incompetente que governa o Amazonas, complica-se a cada dia que passa. Na semana passada, o “outsider” eleito pelo PSC sofreu mais uma facada do seu próprio vice.

Segundo relato do site UOL, “o vice-governador Carlos Almeida Filho (PTB), em depoimento à Polícia Federal, confirmou que Wilson Lima tinha conhecimento sobre a ação do ex-militar e empresário Gutemberg Alencar na Secretaria de Saúde (Susam) durante a pandemia. Alencar é apontado como o operador, que atuou sob o comando do governador, na compra superfaturada de 28 respiradores inservíveis para Covid-19”.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República, o governador e vice “tinham conhecimento e autorizaram desvios de dinheiro público na saúde durante a pandemia do novo coronavírus”. Wilson Lima inclusive teve a sua casa e gabinete revistados pela Polícia Federal. Agora, os dois políticos bolsonaristas estão em guerra.

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

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