Após as vitórias progressistas na Argentina e na Bolívia, o Equador poderá ser o próximo país a confirmar uma guinada à esquerda na América do Sul. Todas as pesquisas eleitorais indicam que Andrés Arauz, da coalizão “Unión por la Esperanza”, pode ser eleito presidente já no próximo domingo (7).

Por Altamiro Borges*

O economista de apenas 35 anos ocupou importantes cargos nos governos de Rafael Correa – presidente do Equador de 2007 a 2017, que hoje vive exilado na Bélgica como vítima da “guerra judicial” (lawfare) em seu país. Ele foi ministro da Cultura e depois do Conhecimento. Também foi diretor do Banco Central.

A tragédia causada pelo traíra Moreno

A chapa “Unión por la Esperanza” inclusive foi registrada inicialmente com Rafael Correa como vice de Andrés Arauz – mas foi impugnada por pressão direta do presidente traíra Lenín Moreno. Apesar das várias tentativas de fraude e das ações violentas, a campanha seguiu adiante e agora a coalizão surge como franca favorita.

O Equador, que na gestão de Rafael Correa reduziu a pobreza em 38% e a extrema pobreza em 47%, é hoje uma nação em profunda crise política, econômica e social. Vendido às oligarquias locais e ao FMI, o atual governo destruiu o país. A taxa de pobreza saltou de 25,7% para 58,2%; e a extrema pobreza quadriplicou.

A pandemia da Covid-19 só agravou esse triste cenário. Cenas chocantes de mortos abandonados nas ruas e de doentes sem hospitais afundaram de vez a popularidade do presidente. Logo no início do seu mandato, em 2017, Lenín Moreno expulsou cerca de 400 médicos cubanos seguindo orientação dos EUA.

Lasso, o candidato dos ricaços e dos EUA

Odiado e covarde, o traidor nem se candidatou à reeleição. O candidato da cloaca burguesa equatoriana agora é Guillermo Lasso, banqueiro e ex-executivo da Coca-Cola. Direitista convicto, ele foi militante da seita fascista Opus Dei. Ele concorre com uma plataforma abertamente neoliberal, de desmonte da nação e do trabalho.

Mas o ricaço, que ocupava o segundo lugar nas pesquisas, desidratou nos últimos dias. O líder indígena Yaku Pérez já aparece em segundo em algumas sondagens. Apresentando-se como “independente”, ele ganhou projeção em 2019 ao liderar protestos contra as medidas de austeridade fiscal do governo.

“Arauz ganhará a menos que o roubem”, afirma Steve Ellner, editor da revista Latin American Perspectives. “Afinal, Correa tinha uma avaliação 60% favorável quando deixou o cargo. Lenín Moreno está completamente desacreditado, e Lasso está associado ao mundo dos negócios e ao capital global”. A conferir no domingo!

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

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