Cálculo do economista Daniel Duque, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE-FGV), mostra a tragédia da redução pela metade do auxílio emergencial. O número de pessoas vivendo em situação de pobreza aumentou em mais de 8,6 milhões na passagem de agosto para setembro.

Por Altamiro Borges*

Já a população em situação de miséria extrema avançou em mais de quatro milhões. Aprovado pelo Congresso Nacional a contragosto da equipe econômica do abutre Paulo Guedes, o benefício, que era de 600 reais, foi reduzido para 300 reais. O impacto já se faz sentir em milhões de lares brasileiros.

Com base nestes cálculos, Daniel Duque avalia que a tragédia social ainda será maior. “O pior momento vai ser em janeiro”, quando está previsto o fim completo do auxílio emergencial. Com sua política de austericídio fiscal, Paulo Guedes já antecipou que o benefício não será substituído.

47,3 milhões na pobreza e 9,2 milhões na miséria

Pelos cálculos do economista do IBRE-FGV, a população vivendo na extrema pobreza saltou de 5,171 milhões, em agosto, para 9,251 milhões em setembro – um aumento de cerca de 4,080 milhões. A proporção da população brasileira vegetando nesta condição subumana cresceu no período de 2,4% para 4,4%.

Já o percentual dos que vivem na pobreza subiu de 18,3%, em agosto, para 22,4% em setembro. Em números absolutos, esse grupo passou de 38,766 milhões para 47,395 milhões. Com o fim do benefício, os trabalhadores sairão a procura de emprego e a taxa de desemprego vai explodir no Brasil. A crise vai se agravar ainda mais.

O fim do programa de manutenção do emprego

Também está previsto para o período o encerramento do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que beneficiou cerca de 9,5 milhões de trabalhadores da iniciativa privada. O benefício foi pago para quem teve o salário reduzido ou o contrato suspenso, mas o abutre Paulo Guedes também já anunciou o seu fim.

Segundo a pesquisa Pnad-Covid do IBGE, 15,3 milhões de pessoas não procuraram emprego em setembro devido à pandemia ou à falta de trabalho na localidade. Esse grupo tentará conseguir uma vaga de trabalho no próximo ano e o universo de desempregados poderá chegar a 30 milhões de pessoas, mais que o dobro do número atual.

A luta pela manutenção do auxílio emergencial e por políticas públicas de geração de emprego e renda deveria ser a prioridade das prioridades das esquerdas políticas e sociais do Brasil.

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

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