Alimentos puxam alta dos preços na “porta da fábrica”
O Índice de Preços ao Produtor (IPP), indicador que mede a inflação “da porta da fábrica”, ou seja, dos insumos da indústria, não deu trégua em agosto e registrou avanço de 1,86%. No acumulado do ano até o agosto, a alta de preços de produtos para a indústria bate a marca de 23,55%, superando a já alta inflação de todo o ano passado (19,38%). Em 12 meses até agosto, a variação do IPP é de 33,08%.
O setor de alimentos foi o que mais influenciou o resultado geral do IPP de agosto (0,51 ponto percentual). Na comparação com o mês de julho, os alimentos subiram 2,19%, sendo a sétima taxa positiva observada ao longo do ano (a única negativa foi a de junho, em 0,14%) e a segunda maior de 2021, perdendo apenas para os 2,66% registrados em abril. No ano, o segmento acumula alta de 12,47%.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que registrou alta de preços nas 24 atividades pesquisadas pelo índice. Aumento generalizado entre as atividades igual foi identificado pela última vez em agosto de 2020, no auge da pandemia.
O índice capta valores de mercadorias usadas nas linhas de produção sem adição de impostos e fretes. O aumento dos preços para a indústria – assim como a inflação geral – sofre os efeitos da falta de regulação de produtos e serviços essenciais, da prática de paridade com preços internacionais e do incentivo às exportações.
O resultado é que está faltando comida na mesa do brasileiro. Todos os produtos industrializados sofrem com a variação cambial e sofrem ainda mais os consumidores brasileiros com a inflação acelerada corroendo a renda, numa situação de disparada nas tarifas da conta de luz e no preço do gás de cozinha, com aval do governo Bolsonaro.
“A demanda aquecida do comércio internacional e a desvalorização do real frente ao dólar vêm impactando os preços industriais no mercado interno. No setor alimentício, as exportações de commodities, como soja e milho, pressionam para cima os custos das rações para animais e, por consequência, das carnes”, afirmou Manuel Souza Neto, pesquisador do IBGE responsável pela pesquisa.
Em agosto, os aumentos dos preços das carnes e miudezas de aves congeladas estiveram entre as principais influências sobre o índice da indústria de alimentos.
O aumento dos preços dos alimentos respondeu pelo maior impacto no IPP de agosto, com alta de 2,19%. A segunda maior influência foi de outros produtos químicos. A alta de preços chegou a 2,82%.